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31 maio 2022
Jesus e a solicitude pela vida
Mateus 6.19,24-26,28,31-33.
INTRODUÇÃO
Certo pensador disse que “a ansiedade começa onde termina a fé; e a fé termina onde começa a ansiedade”. A solicitude recorrente é sinônimo de cuidado e preocupação. Ela tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Mc Millen, médico evangélico, 90% das enfermidades são de origem emocional e a ansiedade contribui para seu agravamento. Diante disso, os ensinos de Jesus são poderosos para evitarmos as causas e efeitos da ansiedade.
A fé em Jesus previne o crente contra a ansiedade e desfaz os seus efeitos danosos a saúde emocional.
I. A SOLICITUDE QUANTO A TESOUROS PERECÍVEIS
1. Traça, ferrugem e ladrões (v.19). Jesus disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”. Os “tesouros na terra” são as coisas consideradas pelos homens de valor absoluto, tomando o lugar das coisas que Deus tem para nós. Ler 2Co 4.18. Os bens da terra estão sujeitos ao desgaste, à deterioração. Hoje, a traça e a ferrugem pode ser a desvalorização do dinheiro, seja pela inflação (aumento constante, geral e sistemático dos preços), seja pela desvalorização cambial, em relação a uma moeda forte estrangeira, como é o caso do Real perante o Dólar, ou um confisco monetário, como ocorreu no Brasil, num determinado “plano econômico”. Além disso, literalmente, os bens terrenos são cobiçados pelos ladrões e isso causa ansiedade.
2. O coração no tesouro (v.21). O Mestre disse: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Há quem volte o seu coração totalmente para as coisas desta vida, ou seja, preocupa-se somente em conseguir e acumular muitos bens, principalmente dinheiro. A avareza é idolatria (Cl 3.5a). “…o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1Tm 6.10a). O coração no tesouro significa colocar pensamentos, emoções, sentimentos, energias e habilidades, voltados inteiramente para coisas desta vida. (Ler 2Co 4.8).
II. TESOUROS NO CÉU
1. Nem ladrão, nem inflação. Jesus ensina como sermos verdadeiros milionários ou bilionários do céu, recomendando que devemos ajuntar “tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”. Aquilo que mandamos para lá está seguro, imune a qualquer desgaste. A preocupação com a segurança, aqui, na terra, é geral. Contudo, no céu, a “Nova Jerusalém”, para onde vão os salvos, nem sequer há luz nem grades, porque “o Cordeiro é a sua lâmpada” (ver Ap 21.23,25,27). Os bens entesourados no céu estão seguros.
III. COMO NÃO VIVER ANSIOSO
1. Não servir a dois senhores (v.24). Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores”, sob pena de se dedicar a um e desprezar o outro, e aduziu: “Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Tudo isso tem um sentido espiritual. Na verdade, Jesus queria dizer que se alguém queria segui-lo, não poderia voltar-se para outro deus. Mamom é palavra aramaica, que significa riquezas, as quais, para muitos, são um deus. Ou se confia em Deus, ou nas riquezas. Uma atitude exclui a outra. Tentar acomodar-se, numa vida dúbia, buscando servir ao Senhor e às riquezas desta vida, é um engano gerador de solicitude.
2. Não andar cuidadosos:
a) Quanto à vida (v.25). A vida é dom de Deus (1Sm 2.6). É um milagre que se repete a cada nascimento de um novo ser. E na sucessão de seus momentos, com o passar dos anos, vão surgindo problemas, dificuldades e apreensões. Isso faz parte do viver na terra. Entretanto, a inquietação ou solicitude jamais resolverão os problemas. Pelo contrário, só os agravarão. Por isso, Jesus ensinou que não devemos andar ansiosos quanto à vida. É melhor viver como o salmista: “O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Sl 27.1b).
b) Quanto ao alimento. O Senhor exorta a não andarmos cuidadosos pelo que havemos de comer ou beber (v.25b) e indaga: “Não é a vida mais do que o mantimento...?”. Esse ensino é reconfortante. O alimento e a água são elementos essenciais, indispensáveis mesmo à sobrevivência do ser humano sobre o planeta. A falta de pão e de água causam desespero a populações inteiras, que vivem em regiões desérticas. A seca no Nordeste e em outras regiões do nosso País, causam muita preocupação, principalmente aos mais pobres. Mas o servo de Deus não precisa se desesperar, deixando-se dominar pela ansiedade.
Jesus disse: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta” (v.26). De fato, não se vê passarinhos mortos de fome por aí, quando eles estão em liberdade. Jesus, indagou se os homens não teriam muito mais valor que passarinhos? Com isso, quis estimular a fé em “Jeová Jiré”, o Senhor que provê todas as coisas. No mesmo texto, Ele diz: “Não andeis, pois, inquietos dizendo: Que comeremos ou que beberemos?” (v.31). Ler Sl 37.25; Mt 6.11; 1Ts 2.9; 1Co 4.12.
c) Quanto ao vestuário (v.28). Deus fez o homem, no Éden, sem vestimentas como conhecidas hoje. Entretanto, com o pecado, a natureza foi transtornada e Deus teve que cobrir a nudez dos pecantes. De lá até hoje, é necessário o uso do vestuário, seja por causa do clima, seja por causa do pudor, exigido por Deus. Mas o vestido é um bem de consumo, que custa dinheiro. E muitos passam a preocupar-se com isso, ficando ansiosos. Jesus chamou a atenção para os discípulos, e mandou que eles olhassem para “os lírios do campo” e observassem “como eles crescem”, sem trabalhar para isso.
Acrescentando que “nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. Concluindo, o Senhor assegurou que se Deus veste a erva, quanto mais haveria de vestir as pessoas!
3. Não andar inquietos (vv.31,32a). Jesus disse que a preocupação com a comida e o vestido é própria dos gentios (v.32a). E afirmou que o Pai celestial sabe que necessitamos de todas essas coisas, ou seja, da integridade do corpo, do alimento e do vestuário, símbolos dos bens de primeira necessidade. Para evitar a ansiedade, o ensino geral da Bíblia corrobora as orientações de Jesus, conforme Sl 55.22; Fp 4.6,7; 1Pe 5.7. Nenhuma ansiedade resiste a uma campanha de oração e jejum, feita pelo crente fiel, em meio às lutas próprias da vida.
4. O Reino de Deus em primeiro lugar (v.33). É valorizar as coisas relativas a Deus, à Igreja, acima das coisas terrenas. É cuidar da evangelização, das missões, do discipulado, da ajuda aos necessitados, da libertação dos oprimidos pelo Diabo e tudo o mais que diz respeito ao domínio de Deus. Notemos que essa busca não deve ser irracional, a ponto de alguém deixar de cuidar da família, do cumprimento dos deveres, para só viver nas reuniões da igreja local. É antes de tudo, uma prioridade espiritual. Devemos lembrar que o Reino de Deus começa em nossa casa (ler 1Tm 5.8).
5. A justiça de Deus em primeiro lugar (v.33). O Senhor não nos manda só trabalhar em prol do seu reino, mas, também, buscar a sua justiça. Jesus deu o exemplo, no cumprimento de “toda a justiça” (Mt 3.15), e ensinou que a nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Assim, devemos viver em justiça e santidade, a começar pelo relacionamento com os familiares, com os amigos e irmãos, demonstrando que vivemos segundo a justiça de Deus perante os descrentes. Isso fala da integridade que deve marcar o testemunho cristão, não só diante dos líderes da igreja, mas diante do mundo (vide Fp 2.12,13).
CONCLUSÃO
A ansiedade tem causado muitos males espirituais, emocionais e físicos a milhões de pessoas no mundo. Mesmo entre os crentes em Jesus, há os que se deixam dominar por fatores que causam ansiedade, fazendo com que a fé fique sufocada e anulada em suas vidas. Como vimos, nosso Senhor Jesus Cristo, em seus ensinos indicou-nos o caminho para vencermos a ansiedade, demonstrando que o Deus que cuida das aves e dos “lírios do campo”, cuida de nós com seu amor e cuidado. Para tanto, basta que nEle confiemos e busquemos o seu Reino e sua justiça em primeiro lugar.
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