23 janeiro 2022

Saul: Somente ser escolhido não faz a diferença



Texto “Arrependo-me de haver posto Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras […]” (1Sm 15.11).


A Palavra de Deus mostra exemplos de pessoas que começaram bem e terminaram mal. Nesta lição, veremos o primeiro rei de Israel, Saul. Escolhido por Deus e ungido pelo profeta Samuel, ele se deixou levar pela obediência parcial, pelo ciúme e inveja, e acabou sendo substituído. Veremos que Deus não possui predileção por pessoas que desprezam a obediência e que pouco caso fazem daquilo que Ele diz.

Em sua soberania, Deus pode rejeitar pessoas que escolhem desobedecê-lo, ainda que tenham sido chamadas para uma grande obra.

I. UM INÍCIO SOBRENATURAL

1. O contexto histórico. Para que entendamos a história de Saul, é preciso ver o que a Lei de Moisés disse sobre a futura monarquia. Ciente de que no futuro os hebreus desejariam ser governados por um monarca, Deus lhes disse, pelo ministério de Moisés, antes de estarem na Terra Prometida: “Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim, porás, certamente, sobre ti como rei aquele que escolher o SENHOR, teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos” (Dt 17.14,15). Deus deixou claro o caminho para a implantação da monarquia em Israel. Ele já sabia, em sua onisciência, que o povo iria pedir um rei, e as normas foram claras: Esse rei seria escolhido pelo Senhor, e deveria ser um hebreu. Não poderia haver um estrangeiro governando o povo de Israel.

2. Escolhido por Deus. Dizer que Saul não foi escolhido por Deus é uma declaração que precisa ser avaliada à luz das Sagradas Escrituras. De acordo com o livro de 1 Samuel, o povo pede um rei (8.5), cumprindo-se o que Deus havia predito em Deuteronômio 17, e o Senhor concede a realização desse pedido (1Sm 8.22). O Eterno se encarregou de revelar a Samuel quem seria o primeiro monarca dos hebreus: “Por que o SENHOR o revelara aos ouvidos de Samuel, um dia antes que Saul viesse, dizendo: Amanhã, a estas horas, te enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por capitão sobre o meu povo de Israel, e ele livrará o meu povo da mão dos filisteus; porque tenho olhado para o meu povo, porque o clamor chegou a mim” (1Sm 9.15,16). Esses textos deixam claro que Deus conduziu as circunstâncias. Samuel também compreendeu que o Senhor havia escolhido Saul como rei de Israel. O texto diz ainda que Saul seria ungido para trazer livramento ao povo de Israel contra os filisteus. Tais declarações, e a forma como tudo aconteceu, mostram que Saul foi escolhido por Deus.

3. Sinais de sua vocação. Saul recebeu um lugar de honra numa refeição em que Samuel havia convidado trinta homens (1Sm 9.22). Após isso, Samuel diz que Saul foi escolhido por Deus (1Sm 10.1), e acrescenta que as jumentas de Quis, pai de Saul, foram achadas (1Sm 10.2), e que ele encontraria um grupo de profetas, profetizando logo em seguida e se tornando um novo homem (1Sm 10.6). A orientação divina era que, após esses sinais se cumprirem, Saul saberia que Deus era com ele (1Sm 10.7). Esses sinais se cumpriram no mesmo dia (1Sm 10.9). Deus não apenas escolheu Saul, mas mostrou por sinais que estaria com o primeiro rei de Israel.

4. Apontado por Deus. Samuel convocou o povo para Mispa, e lá mostrou o seu rei, Saul. Ele era um homem alto, mas estava escondido entre a bagagem. Foi necessário que Deus apontasse a Samuel que Saul estava escondido entre as bagagens. Mesmo tendo se escondido. Saul foi aclamado pelo povo, com as palavras “viva o rei” (1Sm 10.24). E a Palavra de Deus registra que “filhos de Belial” desprezaram Saul (1Sm 10.27). Esses textos deixam claro que Saul foi escolhido por Deus, não apenas pela revelação dada a Samuel, mas também pelos sinais que se seguiram da parte do Senhor. O Deus que escolhe é o mesmo que mostra sinais de sua escolha.


II. COMETENDO ERROS NO MEIO DO CAMINHO

1. Uma desobediência completa. Apesar de todos os sinais demonstrados, e da honra e autoridade dadas por Deus, Saul desobedeceu ao Eterno. Diante de uma batalha contra os filisteus, Saul descumpriu a ordem de Samuel, de esperar o retorno do profeta para oferecer um sacrifício. Saul mesmo sacrificou, sem ter a autorização de Deus para fazer isso, e recebeu uma dura resposta (1Sm 13.13,14).

2. Uma obediência parcial. Em outra ocasião, Deus havia dito a Saul, por intermédio de Samuel, que o rei aniquilasse os amalequitas. Aquele povo se pôs contrário aos israelitas por ocasião da saída do Egito, e isso deixou Deus indignado. A hora do julgamento dos amalequitas havia chegado e Saul deveria executar o juízo contra aquela nação. E o que Saul fez? Atacou os amalequitas, mas deixou vivo o rei e o melhor das ovelhas e do gado. Em sua perspectiva, não se podia matar um rei, e o gado poderia ser usado no sacrificado ao Senhor. Mas não foi isso que Deus ordenou. Saul havia obedecido parcialmente e para Deus, isso era uma desobediência: “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras” (1Sm 15.11).

O peso da atitude errada de Saul é visto nas palavras de Samuel: “Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1Sm 15.22,23). O Senhor havia decretado o fim do reinado de Saul. O Deus que escolhe é o mesmo que pode rejeitar uma pessoa por causa de suas atitudes.

3. Outras atitudes erradas. Em uma guerra, os soldados precisam estar alimentados para que possam se manter em combate. Saul também deixou a desejar quando, exausto depois de uma guerra contra os filisteus, decretou que quem comesse pão até a tarde daquele dia, seria tido por maldito. Jônatas, seu filho, provou mel naquele mesmo dia, sem saber do que seu pai falara, e se não fosse o povo para preservar a vida do jovem, Saul teria matado seu próprio filho por um voto impensado, feito num momento de estresse de guerra.

Saul sentiu-se incomodado, após a vitória de Davi sobre Golias, com o cântico das mulheres que atribuíram um valor maior para a vitória do adolescente, e procurou matar Davi. Em sua busca desenfreada por matar o jovem pastor, que agora era um guerreiro, Saul ordenou a morte de 85 sacerdotes e de todos os habitantes da cidade de Nobe, porque Davi havia fugido e passado naquela localidade (1Sm 22.18,19).


III. UM FIM DESASTROSO PARA O PRIMEIRO REI DE ISRAEL

1. O preço de não se ouvir e obedecer a Deus. O preço de tanta indiferença para com as coisas de Deus resultou no silêncio do Eterno para com Saul. O princípio vale para os nossos dias: Para quê buscar a orientação do Senhor se essa busca não é acompanhada na mesma intensidade pela obediência? Deus não se revela para satisfazer a nossa curiosidade, e sim para que cumpramos o seu projeto neste mundo. O Pai Celeste nos concede claramente o poder da escolha, mas igualmente as consequências da responsabilidade. Em nada tal fato fere a soberania de Deus, pois Ele permanece Soberano, ainda que obedeçamos ou não os seus desígnios. Quem perde a oportunidade de ser usado pelo Senhor é quem rejeita o projeto dEle para a sua vida.

2. Buscando respostas no mal. Saul. diante da batalha contra os filisteus, que seria a sua última, resolveu procurar uma feiticeira, para que lhe servisse de mediadora com o sobrenatural. Ele havia consultado ao Senhor, mas não obteve resposta por nenhuma das formas costumeiras (1Sm 28.6). O preço a ser pago pela desobediência foi o silêncio de Deus. O silêncio divino não fez com que Saul buscasse ao Senhor e Lhe obedecesse. Lamentavelmente, não são poucos os que buscam respostas de Deus sem querer buscar na mesma medida a sujeição aos seus desígnios. Mas, Saul ainda queria respostas. Ele iria novamente para a guerra e foi buscar na feitiçaria uma palavra favorável (1Sm 28.7). Contando com ajuda de seus servos, achou uma feiticeira, e o preço de seu pecado foi a morte. Seu desatino foi tão grande que ele mencionou o nome do Senhor para garantir à feiticeira que não a mataria: “Então, Saul Lhe jurou pelo SENHOR, dizendo: Vive o SENHOR, que nenhum mal te sobrevirá por isso” (1Sm 28.10). Ele usou o nome de Deus para chancelar o mal, tão grande era a sua distância do Eterno.

3. O fim de um reinado. Saul termina sua história dando fim à própria vida. Após deixar de ouvir as orientações de Deus, Saul se viu sozinho e cercado por inimigos. Perdeu três de seus filhos na batalha antes de se matar, e deu fim à sua história de forma triste.

Cremos que esse não era o projeto de Deus para Saul, quando o Eterno o escolheu e o ungiu pelo ministério de Samuel. Se ele tivesse respeitado os mandamentos do Senhor, seu reino seria confirmado para sempre.

A cada momento somos desafiados a ser obedientes a Deus, e precisamos entender que uma decisão errada pode nos Levar a outra decisão errada, tirando-nos do centro da vontade do Senhor. Se formos atentos ao que Deus fala, e apresentarmos nossas decisões a Ele, não teremos dificuldades em cumprir a vocação para a qual fomos chamados.

Pense!

O que conta, no fim da nossa história: O início da nossa caminhada ou a forma como terminamos nossos dias?

Ponto Importante

Começar com a bênção de Deus é necessário, tanto quanto ser fiel a Deus duramente o nosso ministério, até o final dele.

CONCLUSÃO

Ser escolhido por Deus para uma obra ou ministério não nos isenta de andar de acordo com os padrões de Deus. Saul obteve do Eterno uma chamada que foi confirmada por sinais. Entretanto, ele perdeu o reino ao não andar de acordo com as orientações de Deus. Não basta ter uma chamada do Senhor, é preciso ser obediente em todo o tempo, pois isto certamente garantirá a presença e a orientação dEle conosco.

QuALIDADES E REALIZAÇÕES
• Primeiro rei de Israel.
• Era alto e tinha uma aparência impressionante.

FRAQUEZAS E ENGANOS
• Suas capacidades de liderança não eram correspondentes às expectativas criadas pela sua aparência.
• Impulsivo por natureza, tinha a tendência de ultrapassar seus limites.
• Permitiu que a inveja o dominasse.
• Desobedeceu diretamente a Deus em várias ocasiões.

LIÇÕES DE VIDA
• Deus quer obediência do coração e não meros atos de ritual religioso.
• Deus quer fazer uso de nossas qualidades e fraquezas.
• As fraquezas devem nos ajudar a lembrar da nossa necessidade da orientação e da ajuda de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário