23 janeiro 2022

Barnabé: Quando a graça de Deus faz a diferença



Texto Atos 11.22-26.

A Bíblia o apresenta Barnabé como um homem de Deus, cheio de fé, compassivo, e que dava oportunidades para outras pessoas servirem a Deus com seus talentos. Seu ministério envolvia a receptividade, a fé e a certeza de que pessoas precisavam ser orientadas e receber oportunidades para manifestarem a graça de Deus em suas vidas.

I. BARNABÉ, UM HOMEM DE DEUS

1. Um levita (At 4.36). Barnabé era da tribo de Levi. Inicialmente, Levi é registrado como tendo um comportamento bem violento, por ocasião das mortes que promoveu com Simeão, vingando a virgindade de Diná. Jacó chegou a dizer: “Maldito seja o seu furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura: eu os dividirei em Jacó e os espalharei em Israel” (Gn 49.7). Posteriormente, Moisés, ao abençoar as tribos, diz sobre a de Levi, dado à sua dedicação para com as coisas de Deus: “Abençoa o seu poder, ó SENHOR, e a obra das suas mãos te agrade […]” (Dt 33.11).

2. Um homem generoso (At 4.37). Logo após mencionar Barnabé, Lucas diz que o levita, tendo uma propriedade, desfez-se dela, e trouxe o valor integral para os apóstolos, como uma oferta. O dinheiro não era para eles, e sim para a obra de Deus. Essa atitude de Barnabé não foi a primeira. Pessoas que tinham bens e propriedades repartiam com aqueles que precisavam. Ocorre que Lucas menciona Barnabé e a seguir, para diferençar uma atitude genuína de generosidade, menciona Ananias e Safira, o casal que vendeu uma propriedade e trouxe uma parte da venda, alegando ser aquele valor o integral da negociação, para se fazerem passar por pessoas generosas. Foi uma atitude desnecessária, e Deus julgou aquela mentira de forma séria, trazendo temor à igreja. Mesmo na hora de contribuir financeiramente com a obra, que para algumas pessoas é visto como um ato mais racional, Deus não admite impureza de coração.

Barnabé não fez aquela oferta para se destacar diante dos irmãos. Ele o fez de forma consciente e generosa, com um coração desprendido.

3. Um homem que confiava no poder divino da transformação (At 9.27). Uma das características de Barnabé era o fato de que ele acreditava na possibilidade de transformação de uma pessoa. Saulo, tendo se encontrado com Jesus, se tornou um defensor da mensagem de que Ele era o Messias. Tal mensagem não agradava aos judeus em Jerusalém, e Saulo logo ficou malvisto no círculo judaico. Ele pregava a Cristo, mas como perseguira a igreja, não era bem-visto também no círculo dos seguidores de Jesus. Ele estava em uma situação muito desconfortável, até que Barnabé, “tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor, e este lhe falara” (At 9.27). Foi preciso fé por parte de Barnabé, para trazer Saulo ao convívio dos apóstolos, mas também a certeza de que Deus havia feito uma obra no coração do perseguidor. A oportunidade que Barnabé deu a Saulo foi surpreendente, e a igreja precisa de pessoas como ele, que com coragem tragam ao convívio dos santos aqueles que foram alcançados por Jesus.

II. BARNABÉ, UM HOMEM USADO POR DEUS

1. Viu a graça de Deus. É inegável que Barnabé se destaca por ser um homem misericordioso, generoso e acolhedor. A Igreja em Antioquia havia nascido e crescido em um tempo de perseguição. Os dispersos anunciavam o evangelho “somente aos judeus” (At 11.19). mas pessoas de Chipre e de Cirene, entrando em Antioquia, “falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20). Como os hebreus ainda estavam tentando entender a conversão de Cornélio e o seu batismo, não falavam com os gentios sobre a salvação. Mas Deus usou pessoas para falarem aos gregos, esses aceitaram a Jesus, e ambos os grupos, judeus e gentios, passaram a congregar juntos em Antioquia, A primeira igreja mista da história, fora das terras de Israel, com pessoas que professavam o nome de Jesus. Além disso, era uma igreja em franco crescimento, pois “a mão do Senhor era com eles” (At 11.21). Uma igreja desse tipo precisava de supervisão, e Barnabé foi mandado para lá. Ao chegar, ele não viu as diferenças culturais, ou os problemas advindos da congregação de povos diferentes. Ele viu a graça de Deus naquele lugar. Não eram perfeitos, mas estavam com seus corações transbordando no Senhor. Quem pode negar que onde a mão de Deus está operando a olhos vistos, a graça dEle também não pode ser vista? A graça de Deus nos obriga a agir, e a interagir também.

2. Homem cheio do Espírito Santo e de fé. Como Barnabé, levita, ligado à tradição judaica de culto, poderia ver algo bom numa igreja mista? A questão é: O que vemos no outro pode refletir o que está dentro de nós mesmos. Lucas descreve Barnabé como “homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11.24). Barnabé enxergou a graça de Deus naquele lugar porque ele mesmo era um homem de Deus. “[…] Se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz” (Mt 6.22).

Ser cheio do Espírito Santo implica ver o que Deus está fazendo por sua graça. Pensamos muitas vezes na graça para a salvação, mas ela também é manifesta em nossas relações pessoais e no culto que celebramos a Deus. A graça une pessoas que pensam de forma diferente a fim de que alcancem a unidade em Cristo, e Barnabé viu essa manifestação da graça de Deus naquela igreja.

Barnabé também era um homem de fé. Ele cria no poder de Deus para a salvação das pessoas, e acreditava nas pessoas também. Quando os crentes de Jerusalém ficaram receosos com Paulo, obviamente pelo seu passado, Barnabé creu que Deus havia transformado o perseguidor. Ele não apenas creu, mas agiu, trazendo Paulo ao convívio dos santos. Quem tem fé. tem de agir também. Fé sem obras é morta.

3. Foi buscar Paulo (At 11.25). Ainda no contexto da igreja em Antioquia, Barnabé vai buscar Saulo. O benjamita estava em Tarso, sua cidade Natal. Após se converter e ser trazido à comunhão por Barnabé, Saulo disputava com judeus e gregos, e logo procuraram matá-lo. Os irmãos de Jerusalém viajaram com ele para Cesareia, onde havia um porto, e o mandaram de volta para sua cidade natal. Nada mais é mencionado sobre ele, nem por quanto tempo durou esse afastamento, até que Lucas menciona que Barnabé foi a Tarso procurar Saulo, e o trouxe para que juntos servissem ao Senhor na nova igreja. O trabalho conjunto desses dois homens em Antioquia foi bem-sucedido, a ponto de nessa localidade, aqueles que seguiam a Jesus serem chamados pela primeira vez de “cristãos” (At 11.26).


III. UM HOMEM USADO POR DEUS

1. Obedecendo ao Espírito (At 13.1-3). As menções a Barnabé no livro de Atos mostram que, além de ser um homem misericordioso, e que conseguiu enxergar a graça de Deus num ambiente diferente, era também um homem obediente ao Espírito. A igreja de Antioquia tinha “profetas e doutores”, ou seja, era um ambiente de revelação divina e de ensino. A profecia depende da revelação de Deus, e o ensino, da compreensão dos mecanismos relacionados aos estudos e à didática. Era uma igreja cujos ministérios não disputavam entre si. mas cooperavam para a edificação da comunidade. Era uma igreja que também tinha por disciplinas o serviço e o jejum (At 13.2). O jejum, visto por alguns pregadores como algo antiquado e restrito à Lei de Moisés, era praticado na Igreja em Antioquia, uma igreja composta de judeus e gentios. E Lucas faz uma dupla menção ao serviço e ao jejum numa clara demonstração de que atitudes espirituais como o serviço e o jejum trazem orientações do Eterno à congregação. Deus tinha uma obra a fazer por meio de Barnabé e Saulo, e essa informação veio àqueles irmãos. Foi nesse ambiente que o Espírito de Deus disse para que separassem os dois apóstolos para uma obra específica.

2. Milagres e debates. Atos 13 e 14 mostram que, “enviados pelo Espírito Santo” (At 13.4), os irmãos Barnabé e Saulo, acompanhados do cooperador Marcos, foram a Salamina, onde Elimas, um encantador, ficou cego, como juízo divino por atrapalhar a pregação dos homens de Deus. Na Pisídia, os gentios “alegraram-se e glorificavam a Deus, e creram” (At 13.48). Em Listra, Eneias, um homem coxo desde o nascimento, teve fé e foi curado. Em cada uma dessas situações, Barnabé foi guiado pelo Espírito Santo. Por ocasião da cura de Eneias, foi comparado ao deus Júpiter, e rejeitou ser adorado. Ele também escolheu, com Paulo, anciãos para ficarem nas igrejas por onde passaram, e trouxe, para a igreja que os enviou, relatos sobre como Deus havia aberto a porta do Evangelho aos gentios (At 14.17). Paulo não trabalhou sozinho. Barnabé participou de todos os eventos da primeira viagem missionária.

3. Uma separação não programada (At 15.36-39). A Palavra de Deus registra que antes de Paulo e Barnabé iniciarem a Segunda Viagem Missionária, houve entre eles um desentendimento tal que acabaram se separando, por terem diferentes opiniões acerca do jovem João Marcos, que na primeira viagem missionária, abandonou o grupo. Barnabé queria levar Marcos na segunda viagem, mas Paulo não.

É preciso notar que essa separação entre os dois obreiros não atrapalhou a obra de Deus. Enquanto Paulo foi para a Síria e Cilícia, Barnabé e João Marcos foram para Chipre. A obra de Deus não se dividiu; ela se duplicou por meio dessa separação. Notemos que Barnabé foi usado por Deus para fortalecer o obreiro Marcos. Da mesma forma que trouxe Paulo à comunhão da Igreja em Jerusalém, deu suporte ao processo de restauração de João Marcos. O moço já tinha conhecimento da Palavra. Sua casa era um ambiente onde a igreja se reunia para orar. Ele se interessou por atender ao chamado de Deus, e se arriscou na primeira viagem missionária.

Não se sabe ao certo o motivo de ele ter abandonado a viagem antes de ela ter terminado. Talvez ele não estivesse preparado para o que veria, ou para os rigores de uma empreitada como aquela. Mas com o trabalho e o apoio de Barnabé, e com ajuda do apóstolo Pedro, que de acordo com a tradição da igreja, também recebeu Marcos, o jovem intensificou sua vocação e se tornou autor do primeiro Evangelho escrito, que leva o seu nome.

CONCLUSÃO

Barnabé é o exemplo vivo de como Deus usa pessoas cheias do Espírito para fazer a diferença.Barnabé era um homem de Deus;Barnabé foi um homem usado por Deus;

Vários personagens bíblicos que fizeram a diferença no seu tempo para o bem, dando exemplo de fé e obediência e outros que deram um exemplo negativo de desobediência a Deus, rebeldia e escolhas erradas. Todos fizeram suas escolhas, umas sábias e outras tolas.

Barnabé é um exemplo vivo de como Deus usa pessoas cheias do Espírito Santo para fazer a diferença. Que sejamos cheios do Espírito Santo e que possamos fazer a diferença em nossa família, igreja e sociedade.

QUALIDADES E REALIZAÇÕES

• Um dos primeiros a vender posses para ajudar os cristãos de Jerusalém.
• O primeiro a viajar com Paulo no time missionário.
• Como incentivador, foi uma das pessoas mais influentes nos primeiros dias do Cristianismo.
• Era considerado um apóstolo.

LIÇÕES DE VIDA

• O incentivo é uma das maneiras mais eficazes de ajudar.
• Cedo ou tarde, a verdadeira obediência a Deus envolverá riscos.
 Sempre há alguém que precise de incentivo.

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