O falar em línguas estranhas é uma das experiências mais incríveis e misteriosas da nossa vida espiritual. E, por causa disso, existem muitas dúvidas e uma confusão muito grande entre os cristãos. Alguns não acreditam que isso aconteça nos dias de hoje, outros acreditam até demais, exageram na forma de falar e acabam até indo contra a Palavra de Deus. E é exatamente sobre a oração em línguas estranhas que nós vamos tratar nesta mensagem. Afinal de contas: será que ela só acontecia nos tempos bíblicos e hoje não é mais praticada, ou nós ainda temos acesso a esse tipo de comunicação espiritual? Seria tudo isso um fruto da nossa imaginação ou um verdadeiro dom de Deus que ainda é derramado sobre o Seu povo? Na Bíblia, existem diversas passagens que falam sobre as línguas estranhas. E a melhor forma de discutirmos sobre este assunto é reconhecer primeiramente que existem várias formas de se falar em línguas e com propósitos diferentes. E é muito importante sabermos diferenciar essas formas de se falar em línguas estranhas, senão nós não entenderemos o que a Palavra de Deus quis dizer e acabar caindo em algum tipo de contradição. Por exemplo: Uma vez eu visitei uma igreja evangélica mais tradicional que pregava que o falar em línguas não existia mais nos tempos de hoje, que era uma prática antiga que Deus usou para que a Sua Palavra chegasse a vários povos diferentes. Depois, eu frequentei outra denominação que até acreditava que os cristãos poderiam falar e orar em línguas, mas isso não era para qualquer um. Até que um dia eu fui batizado no Espírito Santo e comecei a falar em línguas estranhas. E essa experiência tão forte e sobrenatural despertou em mim um interesse muito grande; eu queria aprender mais sobre aquilo e passei a estudar mais sobre o assunto com outros irmãos em Cristo. E o que mais eles me diziam é que todo cristão poderia falar em línguas, e não apenas alguns escolhidos, como o pessoal da igreja que eu frequentava defendia. E esses irmãos me mostraram algumas passagens da Bíblia, como por exemplo, a que está em Marcos 16, onde Jesus fala com Seus seguidores momentos antes de voltar ao Céu. Ele disse: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados". (Marcos 16:15-18) Então, esses irmãos me perguntavam: Quem são os que creem? E eu dizia: todos nós, cristãos. E eu ia até as pessoas daquela igreja e falava sobre essa passagem de Marcos com elas, mas elas me respondiam com outra passagem, que está em 1 Coríntios 12, onde o apóstolo Paulo disse assim: “Na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dom de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam?” (1 Coríntios 12:28-30) Aqui nesta passagem o apóstolo Paulo parece dizer que nem todos falarão em outras línguas, pois o Senhor entregou um dom para alguns, outro dom para outros e assim por diante. Aí, eu voltava a conversar com aqueles cristãos que acreditavam que todos podem falar em línguas. E eles me lembravam de outra fala do apóstolo Paulo, em que ele dizia assim: “Eu gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem” (1 Coríntios 14:5). Ou seja: eles dizem que, se Paulo desejava que todos falassem em línguas, isso significava que todos poderiam, mas como nem todos buscam esse dom, eles não recebem. Enfim, irmãos... Essas contradições me confundiram e me deixaram muito mal por muito tempo, porque eu não sabia quem estava falando a verdade, já que os dois lados usavam a Bíblia para defender suas ideias. Então, eu comecei a orar para que Deus me mostrasse a verdade sobre o falar em línguas, para que eu não caísse no engano. E Deus me deu o entendimento na Sua Palavra de que existem três características diferentes do falar em línguas. Eu acredito que você vai tirar todas suas dúvidas a respeito deste assunto. 1ª característica: Falar com Deus para edificação própriaVamos ler juntos o que está escrito no capítulo 14 de 1 Coríntios: “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profecia. Pois quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios. Mas quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens. Quem fala em língua a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja. Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada. Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina?” (1 Coríntios 14:1-6) Resumindo: uma das principais características do falar em línguas estranhas, segundo o apóstolo Paulo, é se comunicar com Deus e edificar-se a si mesmo. É o que chamamos de linguagem de oração. Nesse caso, você não está trazendo uma palavra de edificação à igreja e nem está profetizando sobre a vida de alguém. Você está simplesmente entrando em um canal direto com o Pai, que te fortalece e derrama bênçãos sobre a sua vida. E a pergunta que fica é: esse tipo de falar em línguas pode ser considerado um dom? Não, porque o propósito dos dons é edificar os outros e o único edificado nesse caso é quem está falando ou orando em línguas estranhas. E na segunda característica nós vamos entender melhor sobre isso. Essas línguas estão ao alcance de todos os cristãos. Basta que a busquemos em Deus e a desenvolvamos através do Espírito Santo. Quanto mais oramos em línguas, mais o Senhor nos capacita para nos comunicar com Ele através dessa ferramenta espiritual. E há algo muito importante que eu preciso dizer: isso não significa que quem não teve essa experiência seja menos cristão ou tenha menos fé de quem ora em línguas. O seu nome não vai deixar de estar no Livro da Vida e você não deixará de ser edificado pelo Senhor. O Espírito Santo habita em você da mesma forma, então, você não precisa se sentir inferior às outras pessoas. Porém, fica uma dica aos que oram: como é um momento íntimo apenas entre o Pai e você, não é necessário que você fique falando em voz alta para chamar a atenção das pessoas para algo que não interessa a elas. Os neopentecostais exageram nesse sentido, tornando o falar em línguas estranhas algo desagradável para quem não está acostumado com isso. Então aja com sabedoria e discrição. 2ª característica: Falar de Deus para edificação da IgrejaEm que situação o falar em línguas pode ser considerado um dom de Deus? Vamos ler sobre os dons do Espírito, que o apóstolo Paulo cita em 1º Coríntios 12: “Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas.” (1 Coríntios 12:8-10) Quando o apóstolo Paulo fala de variedade de línguas, ele acrescenta o dom de interpretação. Ou seja, um dom complementa o outro. E são esses dois dons unidos que produzem a segunda característica do falar em línguas, que é a comunicação de Deus com o Seu povo, ou seja, é Deus falando com o homem. Isso significa que o falar em línguas deixa de ser um ato de edificação individual e se torna um ato de edificação coletivo quando há alguém para falar em línguas e alguém para traduzir aquilo que está sendo dito à Igreja, para que todos saibam o que o Senhor está dizendo. Eu acredito que essa característica não seja dada a qualquer um, mas sim a alguns escolhidos por Deus. Como a própria Bíblia diz: “Em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Se o pé disser: ‘Porque não sou mão, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: ‘Porque não sou olho, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo.” (1 Coríntios 12:13-20) Porém, irmãos, esses dons de variedades de línguas e de interpretação não são maiores ou melhores que os outros. Assim como cada membro de um corpo é importante para o seu funcionamento, cada um de nós somos importantes para o Corpo de Cristo, que é a Igreja. 3ª característica: Falar sobre Deus em línguas estrangeirasPara entender o que significa isso, precisamos ler o capítulo 2 de Atos, que mostra o que aconteceu no dia de Pentecostes. Eu vou ler apenas alguns versículos, mas você pode ler todo o capítulo aí na sua casa. Ok? Diz assim a Palavra do Senhor: “Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo. Ouvindo-se este som, ajuntou-se uma multidão que ficou perplexa, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua. Atônitos e maravilhados, eles perguntavam: ‘Acaso não são galileus todos estes homens que estão falando? Então, como os ouvimos, cada um de nós, em nossa própria língua materna?” (Atos 2:1-8) O que aconteceu em Atos 2 é algo maravilhoso, porque Deus fez com que os cristãos orassem nas línguas dos estrangeiros que estavam naquele lugar para celebrarem o dia de Pentecostes. E foi graças a isso que três mil estrangeiros se converteram e entregaram suas vidas a Cristo. Isso significa que Deus usou seus servos para falar as línguas nativas daquelas pessoas para, assim, atingir os seus corações com a Sua Palavra e impactar suas vidas para sempre. Então aqui não é nem o homem falando com Deus, nem Deus falando com o homem. É o homem falando com outras pessoas a respeito de Deus. Então é um terceiro nível, algo muito superior, pois no primeiro ninguém entende, nem mesmo a pessoa que está orando. No segundo, por causa da interpretação, todo mundo consegue entender. E no terceiro só quem recebe a mensagem entende em sua própria língua; quem fala não está entendendo nada. Conclusão Falar em línguas estranhas é uma grande bênção. Isso é fato. Mas algumas coisas precisam ficar bem claras: 1) Se você ora em línguas, saiba que isso é para a sua edificação e, com isso, você pode orar a hora que você quiser. Você não precisa sentir um arrepio, a presença de Deus e nem mesmo estar em um igreja. Você pode orar em todo o momento, indo para o trabalho, em casa, na escola, desde que seja entre você e o Senhor. 2) Se você recebeu o dom de interpretação de línguas, tome cuidado para não entregar profecias falsas. Infelizmente, muitas pessoas agem por emoção, não tem uma vida de consagração e começam a interpretar aquilo que o Espírito Santo não falou. Então, saiba que esse dom não se manifesta o tempo todo e na hora que você quer. 3) Se você não ora em línguas e nem interpreta, não se sinta inferior e menos espiritual por isso. Também não deixe as pessoas te menosprezarem, pois, se você já entregou sua vida para Jesus, você já tem o Espírito Santo dentro de você. A Bíblia diz que todos os cristãos nascidos de novo foram batizados em um único Espírito (1 Coríntios 12:13). Deus te abençoe! Autor: Pastor Antonio Junior. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário