“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).
VERDADE PRÁTICA
Deus não se limitou a criar o ser humano. Ele se interessa por nosso destino e, de acordo com a sua soberania, intervém na história. O nosso Deus é o Deus que intervém.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Gn 3.8-24 Deus intervém na história de Adão
Terça — Gn 4.8-16 Deus intervém na história de Caim
Quarta — Gn 6.13-22 Deus intervém no mundo antediluviano
Quinta — Gn 18 e 19 Deus intervém em Sodoma
Sexta — Êx 3.1-22 Deus intervém na história de Israel
Sábado — At 2 Deus intervém na história da Igreja
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Salmos 8.1-9.
1 — Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!
2 — Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres calar o inimigo e vingativo.
3 — Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;
4 — que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?
5 — Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste.
6 — Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:
7 — todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo;
8 — as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.
9 — Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!
PONTO DE CONTATO
Conceitue junto com os alunos imanência e transcendência; deísmo e teísmo. Até que ponto Deus está realmente interessado na história do homem? É Ele um Deus que intervém na história humana? O que significa a condescendência de Deus? O que significa panteísmo? Você sabia que a sociedade em que Jó vivia era astrólatra? Como se justifica o fato de Jó ser monoteísta vivendo em meio a uma sociedade pagã? Traga sempre à mente dos alunos o fato de os amigos de Jó estarem sob influência maligna, e o perigo de darmos ouvido às vozes do mundo em lugar de buscarmos ouvir Deus e aguardar a Sua salvação como fez Jó. Leia Jó 21.34.
OBJETIVOS
Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:
Definir a expressão deísmo.
Diferenciar imanência, transcendência e condescendência de Deus.
SÍNTESE TEXTUAL
Distanciados de Deus, os amigos de Jó alimentavam a ideia de que Deus mantinha com o homem um relacionamento estritamente comercial e mercantilista. Zofar, em sua reflexão solitária, concluiu que, depois de criar o homem, Deus deixara de acompanhá-lo, não perdendo tempo com sua história particular.
Hoje, podemos concluir: Deus tanto é Criador como é, também, o que se preocupa pessoalmente com cada uma de suas criaturas e, por melo de seus atributos está presente em toda a criação, ora manifestando sua grandeza, ora atenuando o sofrimento dos que clamam por ele.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
O autêntico ensino jamais poderá ser uma atividade dissociada da aprendizagem a ser feita pelos alunos. Ensinar, na sua acepção mais legítima, é incentivar e orientar, passo a passo, os alunos na sua aprendizagem. Explanar a matéria é apenas um pormenor incidental de tão somenos importância que pode ser totalmente suprimido sem prejudicar a aprendizagem. De fato, pode-se ministrar um curso inteiro, e com alta eficiência, sem fazer uma única preleção ou palestra, inversamente, um curso constituído de preleções magistrais, mas dissociado da aprendizagem dos alunos, só poderá levar a resultados parcimoniosos e problemáticos.
Todos os procedimentos didáticos têm, no conjunto, o seu relativo valor e a sua função específica que os torna proveitosos e indispensáveis; mas, depois de todos eles postos em prática, chegamos à seguinte conclusão: os alunos só aprendem realmente, num plano sistemático e construtivo quando estudam com bom método, com seriedade, esforço e dedicação.
INTRODUÇÃO
Transcendente ou imanente? A teologia dos últimos dois séculos orbitou em torno de ambos os conceitos. De um lado os teólogos que, realçando a transcendência de Deus, minimizaram-lhe a imanência. Do outro, os teólogos que, sublimando-lhe a imanência, esqueceram-se da transcendência, como se fora algo de somenos importância ao Supremo Ser.
Os amigos de Jó achavam-se divididos em ambos os polos. Elifaz e Bildade haviam de tal forma vulgarizado a imanência de Deus, que supunham estar o Senhor disposto a manter um relacionamento meramente comercial e mercantil com as suas criaturas morais. Enquanto que Zofar, de tal maneira superestimara a transcendência divina, que veio a concluir estar o Todo-Poderoso tão distante de suas criaturas, que não lhes prestava qualquer atenção, nem perdia tempo intervindo na história particular de cada uma destas.
Afinal, Deus é imanente ou transcendente? A resposta, achá-la-emos neste ato da história de Jó.
I. QUEM FOI ZOFAR
Também não temos muitas informações acerca deste outro amigo de Jó. Sabemos apenas que era naamatita. Este designativo revela que Zofar era originário de Naamá, um pequeno reino que se achava, mui provavelmente, situado no território da Arábia Saudita.
De qualquer maneira, estamos diante de um homem que procurava descobrir as verdades divinas através da razão.
II. O QUE É A TEOLOGIA DE ZOFAR
De acordo com a sua cosmovisão, achava-se Deus tão longe do ser humano, e de tal forma arredado dos mortais, que a estes era impossível qualquer contato com Ele (Dt 30.11-15). Logo: por que iria Deus se incomodar com os sofrimentos de Jó?
Era Zofar um consumado deísta.
1. O deísmo. É uma enganosa doutrina, segundo a qual Deus realmente existe, mas não interfere na história humana nem se interessa por relacionar-se com suas criaturas.
Ao contrário do deísmo, o teísmo não se limita a defender a existência de Deus; afirma de igual modo que Ele deseja relacionar-se com o ser humano, e intervém em sua história (Sl 8.1-9).
2. O deísmo de Zofar. Supunha este que o homem, devido a sua pequenez e imperfeições, jamais alcançará os favores de Deus: “Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o inferno; que poderás tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a terra; e mais larga do que o mar. Se ele destruir, e encerrar, ou juntar, quem o impedirá?” (Jó 11.7-10).
Diante de todo esse palavreado, como ficava Jó? Ora, se estava o Todo-Poderoso de tal forma alongado do ser humano, que esperanças haveria para o patriarca? Quem poderia socorrê-lo naquela instância?
Como encarar, pois, a transcendência e a imanência de Deus?
III. IMANÊNCIA OU TRANSCENDÊNCIA?
Apesar de toda a sua dor, mostra Jó ao seu implacável amigo que, embora seja Deus transcendente, é também imanente:
1. A resposta de Jó. “Na verdade, que só vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria. Também eu tenho um coração como vós e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como estas? Eu sou irrisão para os meus amigos; eu, que invoco a Deus, e ele me responde; o justo e o reto servem de irrisão. Tocha desprezível é, na opinião do que está descansado, aquele que está pronto a tropeçar com os pés. As tendas dos assoladores têm descanso, e os que provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo. Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber; ou fala com a terra, e ela to ensinará; até os peixes do mar to contarão. Quem não entende por todas estas coisas que a mão do SENHOR fez isto, que está na sua mão a alma de tudo quanto vive o espírito de toda carne humana?” (Jó 12.1-10).
2. Avaliando a teologia de Zofar. Em sua breve, mas conclusiva alocução, Jó reafirma algumas verdades que os teólogos especuladores deveriam assimilar, ao invés de se perderem em sofismas e falsas premissas: Deus é tanto transcendente quanto imanente. Vejamos, pois, antes de mais nada, o real significado de transcendência e imanência.
a) Transcendência. É o conjunto dos atributos de Deus que lhe ressaltam a infinita superioridade em relação às suas criaturas. Ou seja: eternidade, infinitude, imensidade, imarcescibilidade.
b) Imanência. Embora seja Deus transcendente, não se encontra à parte de sua criação; acha-se presente nesta através destes atributos: onipresença, onisciência e onipotência; e por intermédio de suas qualidades morais. Há de se ressaltar, porém, que, conquanto esteja Ele presente na criação, não se confunde com esta. Portanto, erram aqueles que afirmam: Deus é tudo, e tudo é Deus. O panteísmo é uma doutrina errônea e contrária à Bíblia.
Por conseguinte, não obstante Deus habitar nas alturas mais insondáveis, e apesar de infinito e imenso, não se encontra alheio às suas criaturas. Acompanha-nos desde a concepção (Sl 139.13-17). Ele se preocupa tanto com o destino dos grandes impérios, quanto das coisas que nos parecem mínimas e até desprezíveis (Dn 4.31-37; 1Rs 17.14-16).
A teologia de Zofar, a despeito de grandiloquente e sentencial, não passava de alinhavos de uma sabedoria já folclórica (Jó 12.1). Por isso Jó argui a Zofar estar o Todo-Poderoso tão preocupado com a sua criação que não se descuida sequer das alimárias (Jó 12.7-10).
CONCLUSÃO
Deus não é somente imanente e transcendente. É, acima de tudo, condescendente: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).
Caso você se encontre atribulado, há um Deus que se importa com o seu sofrer. Ele tanto se ocupa dos grandes negócios do mundo como da falta da farinha em sua panela. Este é o nosso Deus! Aleluia!
Subsídio Teológico
“O teísmo cristão em suas históricas expressões ortodoxas vem sendo entendido como supernaturalista, no sentido de que Deus não apenas cria o universo, mas também o sustenta pelo seu poder e intervém diretamente nele para cumprir seus propósitos. Porém, uma variação do teísmo cristão surgiu na Inglaterra em princípios do século XVII, a qual ficou sendo conhecida como deísmo, e que ainda aparece de vez em quando em maneiras muito sutis e, às vezes, não tão sutis assim. Altamente racionalistas, os deístas logo abandonaram o conhecimento revelador da Bíblia para postular um universo no qual Deus foi reduzido ao papel de ‘causa primeira’. Usando a imagem do relojoeiro, eles afirmaram originalmente que Deus criou o mundo, ‘deu corda’ nos processos naturais e o deixou correr pelo universo, onde o abandonou. Em tal sistema de crença, há pouca necessidade das clássicas doutrinas cristãs, como a trindade, a encarnação de Cristo, a expiação, os milagres ou a inspiração da Escritura.
Basicamente, nesta visão, Deus equipou a espaçonave terra para sua viagem e a deixou entregue a quaisquer aventuras que venham suceder. Considerando que a intervenção divina é difícil de predizer ou verificar, esta ótica tem certa atração para as pessoas que sentem a necessidade de um Criador, mas que pensam que Ele está ausente da vida diária. No uso popular, a palavra deísta é aplicada às vezes a expressões ortodoxas da fé cristã que limitam a vontade ou a capacidade de Deus intervir milagrosamente em seu mundo.” (Panorama do Pensamento Cristão. CPAD, pp.91,92).
https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2003/2003-01-10.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário