Tu lhe concedeste o desejo do seu coração e não lhe rejeitaste o pedido dos seus lábios. (Sl 21.2.)
O verbo dar é único. Dar não é emprestar, alugar, vender, trocar, negociar nem prometer. Enquanto todos esses verbos sugerem uma contrapartida da parte do beneficiado, o verbo dar nada exige. Dar não tem nada a ver com merecimento. O que está por trás do verbo dar é a graça de Deus, que é tanto misteriosa quanto abundante.
Na primeira metade do Salmo 21, o verbo “dar” ou “conceder” aparece seis vezes. O rei está exultante porque Deus lhe deu vitórias, o desejo guardado no coração, ricas bênçãos, vida longa e alegria.
A teoria política e econômica de dar para receber é repugnante na ética evangélica. Ela pode render enormes e rápidos dividendos, mas é imoral. Mesmo que não haja outros métodos para se obter ganhos extraordinários e posições vantajosas, devemos sempre fugir dessa estratégia. Tal teoria corrompe a sociedade por inteiro. Para os que estão comprometidos com o evangelho, o caminho é completamente oposto. Além de os resultados serem medidos e avaliados pela sabedoria de Deus, eles são parcimoniosos e progressivos para nos proteger da soberba, da propaganda e da ganância.
Devemos obedecer, devemos crer e devemos pedir. A ausência de caráter, a ausência de fé e a ausência de oração empobrecem. Mas não podemos mecanizar esses exercícios espirituais e com eles encobrir a graça de Deus. Em qualquer circunstância, todos dependemos mais da graça de Deus do que até mesmo da santidade de vida, da confiança nele depositada e da súplica ardente. O uso inapropriado e mercantilista dos chamados meios de graça é injustiça e agressão contra Deus.
No final das contas, dádiva é dádiva e “não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (Rm 9.16)!
Retirado de Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos.
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