“Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus”. Deuteronômio 8.5
Como você tem educado seu filho?
Reflita em alguns erros na educação de filhos usando palavras coincidentemente com ‘p’ de paternidade:
1- PATERNALISMO – Davi:
Davi foi um bom filho, um bom instrumentista, bom guerreiro e excelente rei de Israel, mas como pai deixou muito desejar com seus filhos. Provavelmente porque estava sempre ocupado em batalhas e compromissos da monarquia (I Reis 1.6). Contudo o relacionamento de Davi com seus filhos demonstra ser bom. Não os maltratava ou deixava faltar o que precisassem. Entretanto àqueles filhos faltava a presença paternal e a correção quando necessário (II Samuel 18.5). As consequências foram desastrosas. Seu filho Amnom estuprou a própria irmã cometendo incesto (II Samuel 13), Absalão matou o seu irmão Amnom (II Samuel 13.23) e depois disso se rebelou contra seu pai Davi (II Samuel 17.27 e 18.18). Adonias também tentou usurpar do trono quando Davi estava velho e demorava em determinar seu sucessor (I Reis 1.5).
O paternalismo é considerado uma falta de posicionamento diante dos problemas. Muitos pais tentam se mostrar bons, mas na verdade precisam também mostrar firmeza. Na hora da resposta ou decisão os filhos podem achar o pai duro, mas depois sentirão segurança de um homem que sabe o que é melhor.
Pais: sejam firmes com seus filhos!
2- PROTECIONISMO - Moisés:
Moisés não havia circuncidado seu filho que teve em Midiã com Zípora filha de Jetro. O texto não diz qual dos dois filhos ficou sem circuncidar, ou o motivo deste descuido. Talvez Moisés, como muitos pais, tenha ficado condoído do filho, por causa das dores da circuncisão. Mas com isso estava deixando seu descendente sem a marca da Aliança de Deus com seu povo (Gênesis 17.9-14). Por isso Deus ascendeu sua ira sobre ele (leia Êxodo 4.24-26). Deus iria castigar Moisés por sua desobediência, “então, Zípora tomou uma pedra aguda, cortou o prepúcio de seu filho, lançou-o aos pés de Moisés... assim o Senhor o deixou” (Êxodo 4.25,26).
Quando Jetro vai ao encontro de Moisés para levar seus filhos e sua esposa de volta, demonstra que a família de Moisés estava ausente durante sua travessia pelo deserto (Êxodo 18.1-6). Provavelmente Moisés estava tentando proteger seus filhos das dificuldades que enfrentariam, mas Deus estava cuidando de seu povo e não havia porque privar sua própria família de experimentar os milagres de Deus.
A superproteção de muitos pais impede que os filhos enfrentem dificuldades comuns da vida, com isso vão ficando imaturos e quando finalmente precisam encarar os desafios, estes se tornam ainda mais dolorosos. Quanto mais cedo os filhos aprenderem a suportar os problemas da vida, mais preparados estarão para o futuro.
Pais: protejam seus filhos, mas deixe-os aprender a lutar!
3- PERMISSIVIDADE - Eli:
O sacerdote Eli foi repreendido por Deus através de Samuel por causa dos pecados de seus filhos. Hofni e Finéias atuavam como sacerdotes junto com seu pai (I Samuel 1.3), mas na verdade se portavam como “filhos de Belial” (I Samuel 2.12) e se prostituíam (I Samuel 2.22). Embora Eli tenha repreendido seus filhos uma vez (I Samuel 2.23), não usou da severidade necessária, permitindo que continuassem a ministrar como sacerdotes. Deus levantou um profeta para advertir Eli sobre os pecados de seus filhos (I Samuel 2.27-36).
O menino Samuel foi levantado por Deus para suceder Eli no ministério sacerdotal e também relatou o aviso de Deus quanto aos filhos de Eli (I Samuel 3.11-14). Mesmo sabendo da mensagem Divina, Eli não tentou mudar a situação intercedendo por seus filhos, pedindo perdão, ou mesmo os repreendendo, antes se conformou respondendo a Samuel “é o SENHOR; faço o que bem lhe aprouver” (I Samuel 3.18). O que Deus falou aconteceu quando “foi tomada a arca de Deus, e mortos os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias” (I Samuel 4.11). O próprio Eli não suportou tamanha tristeza e caiu para traz morto de tristeza (I Samuel 4.13).
Muitos pais deixam os filhos fazer o que querem e depois não conseguem mais controla-los. Os pais liberais são incentivados pela mídia e por um modo de vida libertina. As consequências disso estão nas estatísticas de tantos jovens mortos precocemente, escravos de vícios ou atrás das grades de uma prisão. Tudo isso por que não aprenderam a ter limites e em busca de tanta liberdade acabam presos.
Pais: ensinem limites a seus filhos!
4- PARCIALIDADE - Abraão:
Abraão mentiu duas vezes dizendo que sua esposa Sara era sua irmã (Gênesis 12.10-20 e 20.1-18), o que era uma meia verdade, pois Sara era mesmo sua parenta, contudo era sua esposa. Mais tarde Isaque repetiu o mesmo erro de se pai mentindo que Rebeca seria apenas sua irmã (Gênesis 26.6-10). Em todos os dois casos as consequências só não foram maiores porque as pessoas perceberam a tempo. Abraão também foi parcial quando tomou partido de Sara e deixou abandonado seu filho Ismael com a mãe Agar (Gênesis 21.14).
Muitos pais são homens de “ânimo dobre” (Tiago 1.8), mostrando duas formas de ser, uma dentro de casa e outra fora. Isso confunde os filhos, que ficam sem saber para que lado vão. No futuro, estes filhos muitas vezes se decidem pelo pior lado. Então estes mesmos mais dizem: ‘mas eduquei meus filhos na igreja’, contudo foram parciais e não serviram ao Senhor de todo o coração (Marcos 12.30). A verdade por mais dura que seja sempre será o melhor para os filhos, libertando-os de todo engano (João 8.32).
Pais: não sejam parciais com seus filhos!
5- PROJEÇÕES - Isaque:
Isaque e Rebeca projetaram sobre seus filhos os seus problemas pessoais, porque “Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó” (Gênesis 25.28). Por culpa de suas preferências pessoais, seus filhos ficaram divididos. Mais tarde Jacó trapaceou Esaú enganando também seu pai com ajuda de sua mãe (Gênesis 27.1-46). Por muitos anos estes dois irmãos não se encontraram até conseguirem se perdoar (Gênesis 33.4). Suas vidas se distanciaram tanto, que à semelhança de muitas famílias, se encontraram poucas vezes como para enterrar seu pai (Gênesis 35.29).
Muitos pais fazem isso com os filhos, projetando sobre eles os seus problemas pessoais ou conjugais, bem como seus sonhos e ideais querendo realizar em seus filhos o que não conseguiram. Também acontece que a casa fica dividida (Marcos 3.25) quando mãe diz uma coisa e o pai outra, então os filhos ficam servindo a “dois senhores” (Mateus 6.24). Os filhos precisam de liberdade para assumir sua própria identidade, embora consequentemente herdem de seus pais características normais.
Pais: não projetem seus problemas sobre os filhos!
6- PREFERÊNCIAS - Jacó:
Jacó deixava claro sua preferência por José, pois “Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas” (Gênesis 37.3). Esta forma de tratar José diferente dos outros irmãos gerou ciúmes que os levaram a lançar José numa cisterna e depois o vender como escravo, mentindo para seu pai que havia morrido (Gênesis 37.23,28 e 33). Com isso os irmãos de José queriam chamar a atenção do pai. Somente depois de muitos anos toda a verdade foi revelada e aquela família conseguiu se reunir novamente através do perdão (Gênesis 45.15).
Existem famílias que não conseguem se restaurar como a de Jacó conseguiu. Muitos irmãos preferidos e injustiçados não perdoam como José perdoou. Nem todos os irmãos preteridos como os irmãos de José conseguem reconhecer seus erros. Infelizmente existem erros que são irreparáveis. Por isso os pais devem se esforçar por tratar os filhos igualmente.
Pais: não tenham preferência por um filho apenas!
7- PROVISIONISMO – pai do filho Pródigo:
O pai do filho Pródigo providenciou imediatamente o que o filho pediu (Lucas 15.12). Embora este pai nos dê um exemplo de paternidade aberta para perdoar o filho que errou, mas será que não houve algum erro deste pai antes da saída do filho? Por que este filho queria ir embora de casa? Estas questões estão em aberto e sem respostas exatas, o que deixa espaço para questionarmos e buscar alternativas dentre fatos comuns às famílias atuais.
Observação: Faço esta reflexão reconhecendo ser uma conjectura e sem jamais desmerecer o lindo exemplo do pai acolhendo o filho. Também não deixamos a interpretação teológica comparando o pai com Deus e o filho com o pecador, mas agora estamos fazendo uma aplicação para as famílias.
Muitos pais e filhos querem fazer prodígios, ou seja, realizar grandes coisas e com isso acabam deixando faltar em suas famílias. Apenas dar o que os filhos pedem não é o suficiente. Os pais não devem apenas ser provedores de necessidades dos filhos, mas sua presença e cuidado é o que mais necessitam. Se os pais começam a fazer tudo o que os filhos pedem, estes se tornam mimados e sempre querem mais, sem ter limites. Um dia a vida diz não para os mesmos, que estarão despreparados para repostas negativas e por isso fica em crise.
Pais: não façam tudo o que os filhos pedem!
Eduque seus filhos na presença do Senhor!
-CONCLUSÃO:
A Palavra de Deus diz que a melhor forma de educação é “criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito” (I Timóteo 3.4). Os exemplos citados podem ajudar os pais a eliminar comportamentos nocivos aos seus filhos como o paternalismo, o protecionismo, permissividade, parcialidade, projeção, preferências e provisionismo. O caminho estreito é o mais difícil, mas a porta larga conduz a perdição (Mateus 7.13).
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