Efésios 4.11, 12 “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.
-Introdução: Se a Igreja Primitiva não tivesse sido devidamente organizada e preparada, certamente seria apenas um movimento citado na história e a igreja não teria permanecido até hoje. Embora a hierarquia eclesiástica dos primeiros cristãos pareça muitas vezes informal, na verdade estavam muito bem estruturados.
Hoje em dia existe uma diversidade de igrejas com organizações diferentes usando inúmeros títulos e cargos. Isso revela o dinamismo do Corpo de Cristo recriando e crescendo para atender às almas carentes do Evangelho. Podemos nos inspirar no modelo primitivo para tirar algumas lições.
Como a Igreja Primitiva era organizada?
Algumas estratégias de administração usadas na Igreja Primitiva foram:
1. LIDERANÇA: I Coríntios 12.28 "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”.A Igreja precisava de uma liderança forte e preparada para vencer os desafios que enfrentaria.Dentre várias funções na Igreja Primitiva, se destacam os seguintes papéis de liderança:
a) Apóstolos: Os apóstolos foram aqueles primeiros discípulos que Jesus chamou e enviou (Lucas 6.13). Apóstolo significa enviado. Então podemos concluir que um apóstolo era alguém que teve um encontro pessoal com Cristo (II Coríntios 12.12) e anunciava o evangelho liderando a igreja, cuidando de sua doutrina (Atos 2.42) e reconhecidos no colégio apostólico (Atos 1.25). Os apóstolos lideravam todo o restante da igreja com os diversos dons e funções.
b) Bispos: Os bispos ou epíscopos são supervisores dos líderes da Igreja (Atos 20.28; Filipenses 1.1; I Timóteo 3.2; Tito 1.7). O epíscopo tinha a função de exortar a Igreja defendendo a doutrina contra as heresias (Atos 20.28-31). Também era alguém com testemunho provado pela igreja para ser “irrepreensíveis” dentre outras qualidades (I Timóteo 3.2; Tito 1.7). Podemos concluir que seriam pastores de pastores.
c) Presbíteros: A palavra presbítero pode ser traduzida como ancião e designa um líder experiente da comunidade exercendo o pastoreio (I Pedro 5.1-4). Era alguém aprovado e com bom testemunho (I Timóteo 5.17). O presbitério era o corpo de presbíteros ou anciãos da igreja (I Timóteo 4.14). Haviam eleições ao presbiterado (Atos 14.23). Tinham a função de resolver questões doutrinárias (Atos 15.6), tomar decisões pela igreja (Atos 15.4), ungir enfermos (Tiago 5.14) e doutrinar o rebanho (I Timóteo 5.17).
d) Diáconos: Diaconia significa serviço. Os diáconos foram levantados para servir aos necessitados da igreja e ajudar os apóstolos (Atos 6.1-7). A tarefa do diaconato era externa à congregação, atender aos órfãos e às viúvas em suas necessidades (Atos 6.1). Os primeiros sete diáconos foram escolhido por uma eleição recebendo a imposição de mãos dos apóstolos (Atos 6.5), o que mostra a ação democrática da Igreja Primitiva. Havia critérios específicos quanto ao perfil dos diáconos (Atos 6.3), que deviam ter um testemunho exemplar (I Timóteo 3.8, 12, 13).
Os apóstolos eram os primeiros líderes da Igreja Primitiva (I Coríntios 12.28), em seguida haviam bispos, presbíteros e diáconos. Este corpo pastoral estava presente em várias igrejas, mas nem sempre era igual em todas as comunidades que poderiam ter um formato diferenciado de acordo com a necessidade.
2. CONCÍLIO:
Atos 15:6 “Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto”.
A Igreja tomava suas decisões em conjunto através de um concílio reunindo seus líderes e o povo. A comunidade dos judeus estava acostumada com o processo de decisões através do sinédrio com representantes anciãos do povo. O Concílio era o órgão principal para suas escolhas, ações e doutrinas.
O livro de Atos descreve três concílios ou reuniões:
1) A primeira vez que os cristãos se reuniram foi para eleger um substituto para Judas no colégio apostólico (Atos 1.15-26). A reunião contou com cento e vinte pessoas (Atos 1.15) e Matias assumiu lugar entre os apóstolos (Atos 1.26).
2. CONCÍLIO:
Atos 15:6 “Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto”.
A Igreja tomava suas decisões em conjunto através de um concílio reunindo seus líderes e o povo. A comunidade dos judeus estava acostumada com o processo de decisões através do sinédrio com representantes anciãos do povo. O Concílio era o órgão principal para suas escolhas, ações e doutrinas.
O livro de Atos descreve três concílios ou reuniões:
1) A primeira vez que os cristãos se reuniram foi para eleger um substituto para Judas no colégio apostólico (Atos 1.15-26). A reunião contou com cento e vinte pessoas (Atos 1.15) e Matias assumiu lugar entre os apóstolos (Atos 1.26).
2) A segunda reunião foi para resolver o problema da assistência às viúvas, elegendo os diáconos (Atos 6.1-7). A assembleia tinha um número muito maior que a última contando também com cristãos helênicos ou de origem grega, devido ao crescimento entre os gentios (Atos 6.1).
3) O terceiro encontro de decisão comunitária da Igreja foi registrado em Atos 15. Estavam ali inúmeros cristãos com os apóstolos, Paulo e Silas representando a Igreja em Antioquia (Atos 15.2,3) e até mesmo fariseus participaram (Atos 15.5). A pauta de assuntos em questão era sobre seguir ou não à lei e a circuncisão (Atos 15.1 e 5). Todos tiveram oportunidade de compartilhar suas opiniões (Atos 15.4,5), havendo um “grande debate” (Atos 15.7) até que chegaram a um acordo conduzidos pelo Espírito Santo (Atos 15.28).
As decisões do concílio eram tomadas através de eleições (Atos 6.5; 15.7, 22, 25). Sempre com oração e imposição de mãos (Atos 1.24; 6.6). Isso revela uma espiritualidade democrática entre os primeiros cristãos.
O objetivo do concílio era conciliar, como o próprio nome diz. Tudo devia acontecer com respeito levando todos a um acordo comum e preservar a união do Corpo de Cristo em prol da obra missionária.
3. DONS E MINISTÉRIOS:
I Coríntios 14.12 “Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja”.
A Igreja Primitiva recebeu o poder do Espírito Santo e cada membro tinha o dom espiritual para exercer seu ministério no Corpo de Cristo. Várias listas de dons estão descritas em textos como de Romanos 13.3-8 e 1 Coríntios 12. Sendo assim, cada igreja local se organizada de acordo com os Dons e Ministérios que havia entre seus membros.
Qual a diferença entre Dom e Ministério?
-DOM: capacidade dada por Deus para exercer uma tarefa especial. É um presente. Cada pessoa tem um talento diferenciado e deve buscar dons para fazer a obra de Deus (I Coríntios 12.31).
-MINISTÉRIO: é um serviço ou tarefa a ser realizada de acordo com o dom recebido. Existe trabalho para todos na seara do Senhor (Colossenses 4.17).
Cada crente tinha seu dom recebido por Deus para exercer um ministério. Isso promovia uma diversidade de ministérios (I Coríntios 12.4-7) com objetivo de atender às necessidades da comunidade. Com isso havia mutualidade, interdependência e união entre os irmãos.
4. CARTAS PASTORAIS:
II Coríntios 2.9 “E para isso vos escrevi também, para por esta prova saber se sois obedientes em tudo”.
Através de cartas, os apóstolos da Igreja orientavam o povo como deviam proceder em suas relações e resolver os problemas. Isso ocorria principalmente porque muitas vezes os apóstolos estavam presos (Filemom 1.1), então deviam enviar suas correspondências com a mensagem às igrejas (Apocalipse 1.11).
As cartas pastorais ou epístolas se tornaram documentos da Igreja com as recomendações de como a Igreja deveria proceder em diversas situações.
Alguns assuntos das cartas pastorais:
-obediência às lideranças da Igreja (Hebreus 13.7);
-respeito às autoridades (I Pedro 2.13-17; I Timóteo 2.1,2);
-organização do culto e Santa Ceia (I Coríntios 14.33 e 40);
-questões de conflito entre irmãos (I Coríntios 6.1-11 e Filipenses 4.2);
-problemas doutrinários (Romanos 16.17 e I Coríntios 8.1-13; 15.1-58);
-orientações à liderança local (Tito 1.5 e I Timóteo 3.1-10);
-respostas a dúvidas dos irmãos (I Coríntios 7.1).
Muitos outros assuntos foram abordados nas cartas pastorais do Novo Testamento. Através destes registros a Igreja definiu seu formato e doutrinas. Se não tivéssemos estes textos não teríamos documentos comprovando o pensamento dos primeiros cristãos.
Os discípulos dos apóstolos, chamados de Pais da Igreja ou Pais Apostólicos, também escreveram textos que foram orientadores da doutrina cristã na Igreja Primitiva1. Muitos destes Pais foram grandes pensadores que defenderam a doutrina cristã e usavam seus escritos para orientar os novos convertidos deixando um legado importantíssimo para a Igreja até os dias atuais.
Deus quer uma Igreja Preparada!
-CONCLUSÃO: Efésios 4.15 “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
A Igreja Primitiva tinha uma eclesiologia simples e completa. Basicamente se organizavam através da figura de seus líderes com os apóstolos, bispos, presbíteros e diáconos, cada um respeitando sua função. As decisões maiores eram tomadas em conjunto através dos concílios. Cada cristão tinha oportunidade de participar de um ministério exercendo seu dom no Corpo de Cristo. Demais detalhes eram determinados nas cartas com orientações dos apóstolos.
Cremos que Deus em sua infinita bondade e “multiforme graça” (I Pedro 4.10) nos permite hoje ter vários outros modelos de organização eclesiástica. Muitas vezes as funções são as mesmas e apenas os nomes são novos. Tudo mais pode ser renovado na Igreja, só a cabeça que não pode sair do lugar. Se Cristo é o Cabeça da Igreja então todo o restante está correto.
O maior líder da Igreja é o seu dono: Cristo!
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