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20 dezembro 2015
Boca pequena, pés pequenos
de Max Lucado
Deus. Ó Deus infante. Filho mais formoso dos céus. Concebido pela união da divina graça e a nossa desgraça. Durma bem.
Durma bem. Descanse na frieza desta noite brilhante com diamantes. Durma bem, pois o calor da raiva ferve bem próximo. Aproveite o silêncio do berço, pois o barulho de confusão já estronda no seu futuro. Desfrute do doce sabor dos meus braços, pois um dia em breve chegará em que não mais poderei lhe proteger...
Descansem, mãozinhas pequenas. Pois, embora pertençam a um rei, vocês não tocarão em cetim, nem ouro. Vocês não pegarão nem caneta, nem pincel. Não, suas mãozinhas foram reservadas para obras mais preciosas:
para tocar a ferida de um leproso,
para enxugar a lágrima de uma viúva,
para rasgar o chão de Getsêmani.
Suas mãozinhas, tão pequenas, tão branquinhas – agarradas esta noite num punhal infantil. Não foram destinadas para segurar um cetro, nem acenar da sacada de um palácio. Elas foram reservadas para um prego Romano que as cravarão numa cruz Romana.
Durmam profundamente, olhos pequenos. Durmam enquanto podem. Pois, em breve a opacidade irá clarear e você enxergará quanta confusão temos feito com seu mundo.
Ó olhos que enxergarão a profunidade do inferno e encararão seu nefasto príncipe ... durmam, por favor, durmam, durmam enquanto podem.
Por fim, boquinha pequena. Descanse boca da qual a eternidade irá falar.
Pequena língua que irá chamar os mortos,
que definirá a graça
que irá silenciar nossa tolice.
Lábios de pétalas de rosa – nos quais descansam um beijo estrelado de perdão para aqueles que acreditam, e de morte para aqueles que negam – descansem.
E pezinhos pequenos que cabem na palma da minha mão, descansem. Pois muitos passos difíceis lhes aguardam.
Descansem, pezinhos. Descansem hoje, para que amanhã vocês possam andar com poder. Descansem. Pois milhões irão seguir suas pegadas.
E pequeno coração ... coração santo... bombeando o sangue de vida pelo universo: Quantas vezes iremos quebrá-lo?
Você será rasgado pelos cravos das nossas acusações.
Você será devastado pelo câncer do nosso pecado.
Você será esmagado sob o peso da sua própria tristeza.
E você será perfurado pela lança da nossa rejeição.
No entanto, naquela perfuração, naquele último rasgar de músculo e membrana, naquele último jorrar de sangue e água, você encontrará descanso. Suas mãos serão liberadas, seus olhos verão justiça, seus lábios irão sorrir, e seus pés lhe levarão para casa.
E lá você descansará de novo – desta vez no abraço do seu Pai.
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