A graça nos desconcerta porque vai contra a intuição que todos têm de que, diante da injustiça, algum preço tem de ser pago. Um homicida não pode simplesmente ficar livre. Alguém que abusa de crianças não pode desvencilhar-se dizendo: "Eu fiquei com vontade de fazer isso". Antecipando-se a tais objeções, Paulo destacou que um preço foi pago — pelo próprio Deus. Ele desistiu do seu próprio Filho, Jesus Cristo, para não desistir da humanidade.
Como na festa de Babette, a graça não custa nada para os beneficiários, mas tudo para o doador. A graça de Deus não é uma exibição que o vovô faz de sua "bondade", pois custou o exorbitante preço do Calvário. Há apenas uma única lei real — a lei do universo, ela pode ser cumprida por meio do juízo ou por meio da graça, mas tem de ser cumprida de um jeito ou de outro. Aceitando o juízo em seu próprio corpo, Jesus cumpriu a lei, e Deus encontrou um meio de perdoar.
No filme O Último Imperador, a criança ungida como o último imperador da China vive uma vida mágica de luxo com mil eunucos à sua disposição para servi-lo. "O que acontece quando você faz uma coisa errada?", pergunta o irmão. "Quando eu faço uma coisa errada, outra pessoa é castigada", o imperador-menino responde. Para demonstrar o que estava falando, ele quebra um jarro e um dos servos é espancado. Na teologia cristã, Jesus inverteu esse padrão antigo: quando os servos erraram, o Rei foi punido. A graça é gratuita apenas porque o próprio doador assumiu o preço.
Philip Yamcey, em "MARAVILHOSA GRAÇA"
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