Quanto mais se ora, Deus é "mais" Deus em nós. Deus não muda. É definitivamente pleno, portanto, imutável. Está, pois, inalteravelmente presente em nós, e não admite diferentes graus de presença. O que realmente muda são nossas relações com Ele, conforme nosso grau de fé e amor. A oração torna mais firme essas relações, produz uma penetração mais entranhável do Eu–Tu, através da experiência afetiva e do conhecimento fruitivo. Acontece com a lâmpada dentro de uma sala escura. Quanto mais a lâmpada alumia, melhor se vê a "cara" da sala, a sala se faz presente, ainda que não tenha mudado.
Quanto menos se ora, Deus é "menos" Deus em nós. Quanto menos se ora, Deus vai se esfumando em um apagado afastamento. Lentamente se vai convertendo em simples ideia sem sangue e sem vida. Não dá gosto estar, viver, tratar com uma ideia, também não há estímulo para lutar e superar-se. Assim, Deus deixa de ser alguém, e termina por diluir-se numa realidade ausente e longínqua.
Deixando de orar, Deus acabará por ser "ninguém". Se deixarmos de orar por muito tempo, Deus acabará por "morrer", não em si mesmo, porque é substancialmente vivo, eterno e imortal, mas no coração do homem. Acabando a fonte da vida, chega-se rapidamente a um ateísmo vital.
A oração é vida e a vida é simples – não fácil – mas coerente. Quando deixa de ser vida, convertêmo-la numa complicação fenomenal. Pergunta-se, por exemplo: Como se deve orar em nosso tempo? Pergunta sem sentido. Por acaso se pergunta como se deve amar em nosso tempo? Ama-se – e ora-se – tal como há quatro mil anos.
Pr Ed René Kivitz (www.edrenekivitz.com)
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