Porque nós somos criados à imagem de Deus, todos estamos sempre, sem exceção, refletindo Deus ou um deus. Se não refletirmos nosso Criador para nossa restauração, então refletiremos a criação para a nossa ruína.
Você é o que você come
Isso explica porque um dos temas recorrentes da Bíblia é que os ídolos são surdos, mudos e estúpidos, e, por isso, são idólatras os que não escutam Deus, não falam com Deus ou não vêem Deus espiritualmente. Talvez o relato mais lendário de idolatria em toda a Escritura é a adoração ao bezerro de ouro, em Êxodo 32. Lá o povo de Israel é retratado com escárnio como rebanho rebelde porque adorou um bezerro e então se tornou como ele. Assim como uma vaca teimosa que reluta em ir na direção certa, o povo idólatra de Israel é "obstinado" (Êxodo 32.9; 33.3, 5; 34.9; Deuteronômio 9.6; 10.16; 31.27).
Buscamos a idolatria naturalmente
A idolatria teve início com nosso primeiro pai, Adão. Porque Adão estava comprometido com algo além de Deus, ou seja, com ele mesmo, foi culpado de idolatria. Além disso, Adão coloca em movimento o curso da história em que a mais comum criatura idolatrada por nós somos nós mesmos; vivemos por nós mesmos e por nossa própria glória, o que é, na verdade, nossa vergonha, priorizada acima de Deus.
Nos Evangelhos, o ídolo que é reverenciado pelos Judeus e renunciado por Jesus é a religião. Embora não haja muitas referências explícitas à idolatria Judaica nos Evangelhos, G. K. Beale argumenta que é claro que a geração de judeus na época de Cristo foi no mínimo tão cheia de pecado quanto seus antepassados: "A nação judaica se orgulhava pelo fato de que eles não eram como as nações que se curvavam diante de imagens de pedra ou madeira. O que também é claro é que a maioria dos israelitas era no mínimo tão pecadora quanto seus antepassados, especialmente porque crucificaram o Filho de Deus (Mateus 23.29-38)". Israel adorou mais a sua tradição morta do que o Deus vivo de acordo com sua Palavra viva.
Se não refletirmos nosso Criador para nossa restauração, então refletiremos a criação para a nossa ruína.
Um prédio não deve ser seu ídolo
Passando para o livro de Atos, Lucas apresenta o fato de que o templo, na verdade, tornou-se um ídolo para o Israel teocrático. Jesus expôs essa idolatria quando disse que ele destruiria o templo. Em vez de deixar Jesus destruir o templo, os líderes religiosos escolheram, ao contrário, destruir Jesus. Eles preferiram o templo como um lugar de reunião com Deus em detrimento do próprio Deus no meio deles. Conseqüentemente, Deus destruiu em 70 d.C.
Semelhantemente, em nossos dias, pessoas religiosas continuam em diversas idolatrias quando elevam sua denominação, igreja, liturgia, tradução da Bíblia, estilo de música do louvor, pastor, método teológico, autor favorito ou planejamento ministerial a um lugar onde Jesus é substituído e no qual sua fé repousa para mantê-las perto de Deus. Isso também explica porque qualquer mudança na tradição de uma pessoa religiosa é recebida com tanta hostilidade – pessoas tendem a se agarrar a seu ídolo; isso inclui as igrejas, que são adorados como algo tão sagrado como foi o templo.
Conheça seus ídolos
Como os judeus nos dias de Jesus, os cristãos devem estar continuamente cientes de seus ídolos religiosos. Ídolos religiosos incluem verdades, dons e moralidade. Essas são coisas em que as pessoas confiam além de Jesus Cristo para obter salvação, não diferente dos judeus que acrescentaram a circuncisão ao evangelho e eram criticados por Paulo em Gálatas como hereges a pregar um falso evangelho.
Idolatria da Verdade é talvez a mais comum entre aqueles que são mais comprometidos com transmissão da doutrina e estudo bíblico. Essas pessoas são inclinadas a pensar que são salvas por causa da exatidão de sua crença mais do que pelo simples fato de que Jesus morreu por elas. Pessoas religiosas que idolatram a verdade são frequentemente culpadas do mais alto sentimento de superioridade. Eles continuamente se divertem de forma sarcástica fazendo piadas com seus oponentes e encontram grande deleite na Internet, onde ser um blogueiro bem conhecido geralmente significa que você tem que ser um idólatra da verdade, que alimenta a idolatria de zombadores religiosos, para quem a ideologia tornou-se seu ídolo.
Idolatria dos Dons é talvez o mais comum entre aqueles mais cheios de dons e capacitados no serviço ministerial, que confundem dom espiritual com maturidade espiritual e fruto espiritual. Essas pessoas comumente pensam que eles são salvos por causa dos dons que eles possuem e que qualquer ministério que eles alcançaram – e consequentemente, sua fé – firma-se mais no fato de que Deus está usando-os do que no fato de que Jesus morreu por eles. Infelizmente, isso é comum entre os pregadores da Bíblia que fizeram de seus púlpitos um ídolo, para onde eles vão por identidade e alegria. Eles procuram a aprovação de seus ouvintes que os aplaudem e, eventualmente, o pastor cujo ídolo é a pregação torna-se o ídolo de sua congregação, cuja devoção a ele é como a um deus, e ele se torna praticamente sem pecados aos seus olhos.
Idolatria da Moralidade é talvez a mais comum entre as pessoas religiosas mais bem comportadas e decentes. Essas pessoas com freqüência pensam que são salvas porque vivem uma vida decentemente moral e boa, de devoção e obediência em vez de verem a si mesmos como pecadores por natureza, cujo pecado é sério o suficiente para requerer a morte expiatória de Jesus. Tais pessoas são como o irmão mais velho na história do filho pródigo – eles se sentem ofendidos quando a graça é dada a pecadores arrependidos porque não é merecida. Essa atitude em tais momentos revela a idolatria do desempenho pessoal; a sua irrevogável verdade reside no desempenho próprio e não em Jesus.
Idolatria leva ao pecado
Um dos mais longos tratamentos de idolatria em todo o Novo Testamento é encontrado em 1 Coríntios 10, onde Paulo lista a idolatria como participação com demônios, que leva a todos os tipos de pecado, incluindo glutonaria, alcoolismo, imoralidade sexual e murmuração. De fato, quanto mais nos comprometemos com nosso ídolo, mais nos tornamos um com ele e cada vez mais parecido com ele, para a nossa destruição. Além disso, como 1 Coríntios 10 deixa claro, nossa idolatria também desgasta nossas relações com os colegas cristãos, dá um falso testemunho aos não cristãos e faz que outros sejam tentados a se juntar a nós no pecado da idolatria. Consequentemente, idolatria prejudica todo tipo de relacionamento que nós temos e é um câncer mortal no corpo da igreja e na sociedade como um todo.
Confie no Criador, não na criação
Beale conclui sua pesquisa bíblica no livro de Apocalipse observando que os idólatras são referidos como "habitantes da terra" (Apocalipse 8:13; 13:8; 14; 14:6-9; 17:2-8). De acordo com Beale, os "habitantes da terra" no Apocalipse não podem olhar para além desta terra por uma questão de segurança, o que significa que eles confiam em algum elemento da criação e não no Criador para seu bem-estar final. Assim, pessoas são chamas de "habitantes da terra" porque isso expressa o objeto da confiança deles e talvez do seu próprio ser, na medida que eles se tornaram parte do sistema terreno em que encontram segurança – tornaram-se como ele. Porque eles se comprometeram com algum elemento da terra, eles se tornam terrenos e vêm a ser conhecidos como "habitantes da terra".
Jesus não existe para nos ajudar a adorar ídolos
Cristãos nunca devem esquecer que somos também inclinados aos mesmos tipos de idolatria que os "habitantes da terra". Idolatria religiosa é frequentemente a mais perniciosa de todas. Idolatria religiosa usa Deus para saúde, bem-estar, sucesso e coisas do tipo; nessa grotesca inversão do evangelho, Deus é usado para nossa glória, como se não apenas nós devêssemos adorar a nós mesmos, mas Deus também deve ser nosso adorador. Esse tipo de pregação do falso evangelho é evidente sempre que Jesus é apresentado como um meio pelo qual um idólatra pode alcançar seu ídolo. Exemplos incluem promessas de que Jesus o fará rico, feliz, muito bem casado, excelente pai e assim por diante, como se Jesus existisse para ajudar a adorarmos nossos ídolos.
Mark Driscoll / Traduzido por Carla Ventura | iPródigo
Por Litrazini
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