Pedro 5: 2-4 – Apascentai o rebanho de Deus... a incorruptível coroa da glória. Existe um cuidado do presbitério (que, obviamente, é oriundo do cuidado que o Senhor tem tido com o seu povo, com a sua Obra, com as nossas vidas, com o rebanho) para que haja a transmissão da herança e que o ministério esteja integrado, esteja dentro daqueles limites estabelecidos pela Palavra do Senhor. Quando o Senhor chama o homem, como chamou a todos nós aqui, é uma honra. O chamado é uma honra porque nós não merecemos, mas o Senhor, por sua misericórdia, vai-nos capacitando, dia-a-dia, para o exercício do ministério. Nós somos chamados pelo Senhor e Ele vai-nos capacitando, vai-nos preparando para que o ministério seja frutífero e abençoado e é por isso que existe esse cuidado de estar dentro daquilo que está estabelecido dentro da Palavra, aquilo que é a experiência acumulada, o ministério que vem aperfeiçoando na sua Obra ao longo dos anos. Hoje, quando o servo chega ao ministério ele já vem com o risco e o alerta que o Senhor quer-nos fazer para evitar esse risco, que é para que ninguém se ensoberbeça por haver chegado ao ministério. Os novos precisam absorver a experiência passada, por isso, compete aos mais antigos transmiti-la àqueles que estejam ingressando, para que eles possam se dispor a aprender e absorver as experiências vividas. O apóstolo Pedro nos dá neste texto que lemos, uma referência de como conduzir o rebanho e estar com ele, conviver com ele. Todos os pastores precisam observar isso. Os novos têm sido citados aqui exatamente pela falta de uma experiência no ministério, eles caminharam como diáconos, como ungidos, estiveram à frente de um trabalho, mas agora é hora de tratar diretamente com a ovelha e é por isso que essa palavra precisa ser compreendida por nós. 1º aspecto: Todos nós fazemos parte do rebanho de Deus. Pedro diz o seguinte: Apascentai o rebanho de Deus que está entre nós, tendo cuidado dele, ... – Pedro não diz aqui que o rebanho está abaixo e nem acima do pastor, porque, na verdade, todos nós fazemos parte do rebanho de Deus. Nós não somos os melhores, talvez sejamos os mais necessitados, mas os melhores com certeza nós não somos. não por força, mas voluntariamente, ... - É voluntariamente. Nós não servimos por dinheiro, por salário. nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; ... - A ganância é aquela ambição desmedida que o homem tem de auferir lucros lícitos ou ilícitos. Nada vai nos levar a isso, muito menos o ministério porque o Senhor pode-nos conceder a bênção independentemente da posição que tivermos; se Ele quiser, Ele nos abençoará, mas nós precisamos entender que não é o ministério que vai-nos enriquecer e o rebanho empobrecer. Dentro desse aspecto de cuidar do novo é que nós trouxemos essa palavra para o companheiro que foi levantado com o propósito de ajudar aquele que está começando. Nós não merecemos, o Senhor está-nos honrando e, enquanto formos fiéis a Ele, o Senhor vai-nos honrar, Ele vai operar, Ele vai responder às nossas intercessões. nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, ... - Nós poderíamos resumir essa introdução numa única frase, que é: Nós não somos donos do rebanho, nós somos mordomos, nós estamos com esta responsabilidade para servir, para contribuir, para auxiliar na caminhada do rebanho. 2º aspecto: O exercício do ministério Nós sabemos da doutrina, dos ensinamentos, dos fundamentos da Obra, das orientações, tudo aquilo que o obreiro vai absorvendo ao longo da caminhada, mas quando ele chega ao ministério, ele precisa saber como se conduzir. Numa das nossas reuniões, o Senhor deu uma revelação nos lembrando aquilo que está escrito na Palavra, que é: Não remova os limites antigos que fizeram teus pais (Pv. 22:28). Este é um conselho útil para o pastor novo. Muitas vezes nós chegamos na igreja e encontramos alguma coisa para ser aperfeiçoada, porém, nós não precisamos nos precipitar. O companheiro chega e faz uma tempestade dentro da igreja, ele revoluciona tudo, muda o púlpito de lugar, coloca o grupo de louvor no fundo da igreja, e com isso ele traz um transtorno para a Igreja e aquilo que era pra ser feito não se realiza com o passar do tempo. Esta palavra precisa ser observada por nós, existem os limites antigos, limites que já foram estabelecidos e que não devem ser removidos. É claro que aquilo que contraria a doutrina, aquilo que estiver fora do lugar vai ser colocado em ordem porque, às vezes, o Senhor mudou o ministério até para isso mesmo, mas isso pode acontecer sem nenhum transtorno, sem nenhum dificuldade, sem nenhuma precipitação. Você chega e vai conhecer a Igreja, vai conhecer a ovelha, saber da necessidade de cada um e depois disso você vai colocar em prática aquilo que o Senhor for orientando, aquilo que Ele for determinando. Conselhos Nós podemos enumerar alguns itens que auxiliam no ministério, que são: Saber ouvir - O pastor precisa saber ouvir o rebanho, ouvir a necessidade da ovelha, o seu problema, a sua luta. O companheiro está chegando em uma igreja nova, não conhece ninguém, não sabe de nada e é por isso que precisa saber ouvir, ele precisa ter essa disposição, estar nessa condição de ouvinte e se dar para o rebanho. Saber falar - Às vezes, antes mesmo de ouvir, de conhecer, o pastor pode emitir uma opinião que não se enquadra à situação daquela ovelha. Primeiramente ele precisa ouvir, conhecer e depois, na hora de falar, saber como falar, porque nós, como ministério, temos a responsabilidade de não expor ninguém, nem a sua dificuldade e nem a sua intimidade, dentro daqueles aspectos éticos do ministério. Existem assuntos que não podemos comentar com ninguém, nós vamos orar pela ovelha, colocar o problema diante do Senhor para que Ele dê a solução. Se nós falarmos, nós estaremos contribuindo para aumentar a dificuldade da pessoa. Saber discernir - Você ouviu, mas precisa considerar o que ouviu. A ovelha, ao mesmo tempo que tem as suas necessidade, as suas lutas, as suas aflições, ela tem também as suas manchas. Trocou o ministério, a ovelha já vem... Não, agora eu vou voltar, eu vou isso, eu vou aquilo... Mudou o pastor, a ovelha já se faz de vítima. Se você der uma palavra precipitada, você pode estar criando uma dificuldade para si mesmo e para a própria pessoa. Você precisa ouvir e discernir, considerar aquilo que está ouvindo, você precisa avaliar, julgar, e até mesmo aguardar um sinal, um dom do Senhor. A pessoa coloca o problema contando a sua versão, e se você diz alguma coisa, ela já usa aquilo como um juízo a seu favor. O pastor deve chegar e dizer: Meu irmão (minha irmã), nós vamos orar acerca desse assunto e depois nós voltamos a falar sobre isso. Ou então eu digo: Meu irmão, me procure daqui a algum tempo. Fazendo assim, você terá tempo de levar o assunto ao grupo de intercessão e saber o que aconteceu realmente, colher informações de terceiros, apurar a verdade. Você não pode ficar com uma versão apenas porque seria um juízo tendencioso, sem defesa. Avaliar o momento para aplicar a revelação O Senhor dá dons, Ele mostra, mas a revelação tem um tempo para que seja implementada, para que seja colocada em prática. É preciso ser paciente, saber o momento certo. Vamos dizer que você está num culto de ceia, que é uma festa para a Igreja, você está comemorando ali com a Igreja, e tem uma orientação acerca de uma correção para uma ovelha, de uma disciplina, que é preciso dar-lhe uma palavra para um acerto. Definitivamente, aquele culto não é o momento apropriado, não é a melhor hora, todos estão alegres, acabaram de sair de uma festa de dedicação, aí você vai, chama, fala e entristece aquela ovelha. Você vai aguardar a hora certa, ser cauteloso, ser paciente. Eu lembro de uma experiência antiga. Eu ainda não era pastor e, durante o culto o Senhor deu uma revelação: Eu quero a minha Igreja no monte. O pastor consultou, era do Senhor. Daqui a um pouco, a mesma pessoa mandou outra revelação: Quero a minha Igreja no monte essa sexta-feira. Era quinta-feira e nem todos estavam na igreja, nem o lugar onde se daria o encontro estava preparado para receber a Igreja. Então nós vemos que o primeiro dom era do Senhor, mas o segundo tinha um "graveto". As coisas que vêm de maneira impositiva, querendo, às vezes, até a nos levar a tomarmos uma ação imediata, apressada, devem ser tratadas com cuidado e saber esperar. Nós precisamos estar atentos a todos os aspectos do exercício do ministério, precisamos viver isso, precisamos julgar e discernir Saber colocar em prática - É revelação do Senhor? Se é, tudo certo. É o momento de colocar em prática? Sim. Então, agora, cabe-nos saber como transmitir aquela orientação, até mesmo se for para corrigir alguém. Nós temos que chamar a pessoa em particular (não é expor), ela está passando por uma luta, por uma dificuldade, um desacerto. Você não pode chegar e colocar a situação dela diante de alguém, de um terceiro que não está preparado para ouvir porque aquilo se espalha no meio do rebanho e a dificuldade que era de uma pessoa somente se espalhou pela Igreja, contagiou todo o rebanho. Não é apenas esperar o momento, mas também é saber colocar a revelação em prática porque tudo aquilo que falamos e que fazemos está diante do rebanho, tudo é um ensino para o rebanho, por isso o apóstolo Pedro diz: Mas servindo de exemplo ao rebanho. - Se nós formos precipitados, os nossos obreiros e os diáconos serão precipitados, e os pastores que vierem através do nosso ministério vão adquirir a mesma característica porque vão dar seqüência ao que aprenderam e vão agir da mesma maneira. Nós precisamos entender que um gesto, uma palavra, um comportamento que nós assumirmos, serão vistos por todos no rebanho. Quantas vezes o garotinho diz: Eu quero um terno igual ao do pastor. E eu sei de crianças que falaram isso referindo-se a outro pastor que não era o seu, tudo porque foi amável com elas. Mesmo sem sabermos, nós estamos influenciando as pessoas com os nossos atos e palavras e essa influência tem que ser positiva para que as pessoas sejam levadas a uma experiência com o Senhor. Se não for assim, toda a nossa serventia ao Senhor acaba sendo inútil, um desserviço. Saber colocar em ordem - Além de precisarmos saber o momento apropriado, temos que saber como colocar aquilo em ordem. É outra coisa difícil porque, às vezes, ou nós erramos o momento ou erramos a forma de transmitir. Não há demérito nenhum em reconhecermos que erramos, reconhecer que falhamos é um ato nobre, nós não somos infalíveis, nós erramos. Nós reconhecemos os nossos erros e clamamos: Senhor, tem misericórdia de mim. Assim como o Senhor tem-nos alcançado com a sua infinita misericórdia, nós também temos que ter misericórdia, isso é uma característica da humildade. O ministério não foi-nos dado para nos exaltarmos, pelo contrário, nós precisamos entender que somos necessitados; podemos até orar pela Igreja, impormos as mãos, mas sabemos que somos necessitados. O meu defeito, a minha falha, a minha fraqueza, eu conheço, cada um de nós sabe da sua e, por isso, se nós somos falhos, nós temos que entender que os outros falham também. Nós temos que ser humildes e reconhecer o nosso erro, reconhecer a nossa limitação e reconhecer que a ovelha também erra e que também tem as suas limitações. Todos erram. Quem pode dizer que é perfeito? Só o Senhor é perfeito e mesmo assim foi humilde. Humildade não faz mal ao pastor e nós precisamos estar consciente disso. 3º aspecto - A comunhão Um varão foi levantado para o ministério e no final do culto já estava dando ordens para os diáconos. Faltou um pouco de humildade. Por outro lado, vem o aspecto da comunhão, ele diz: Agora eu sou pastor, eu tenho que me virar. Não existe isso na Obra. A Obra é corpo, mesmo porque não existe nenhuma vergonha em buscar ajuda. Hoje a Obra tem uma estrutura, no pólo, na área, na região, nós temos um corpo à nossa volta não apenas para nos corrigir, mas também para nos ajudar. Se estamos com alguma necessidade, por que não recorrermos ao corpo? Às vezes o companheiro começa uma luta, uma dificuldade e vai até ao fundo do poço e fica lá até morrer porque não buscou a ajuda dos companheiros. A ajuda é em todos os sentidos. O companheiro que foi recentemente levantado, ele tem um assunto a tratar, ele procura o companheiro que era o seu pastor e conversa com ele, pois existe uma comunhão entre eles, ou depois ele procura o coordenador e expõe o assunto. E por que não? Virou auto-suficiente só porque recebeu uma bênção do Senhor? Nenhum de nós é auto-suficiente, nenhum de nós sabe tudo, há sempre alguém que pode-nos ajudar. Se estivermos em comunhão com os companheiros, no pólo, na área, na região, nós vamos saber, sempre vai ter alguém para nos ajudar. 4º aspecto - Não insistir Nós consideramos este aspecto importante. Nós podemos nos tornar maçantes, insistentes. Nós vemos na Palavra aqueles necessitados que iam carregados até ao Senhor. Nem todos da Igreja chegarão ao diaconato, ao ministério, seria bom que todos fossem, como já dizia Moisés: Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta (Nm. 11:29). Seria ótimo que todos tivessem dons, que todos fossem sábios, que todos tivessem intimidade com o Senhor, mas existem aqueles que só vão se forem carregados e, às vezes, o Senhor exorta a pessoa: Rapaz, você tem que dar um jeito, você tem que caminhar, e a pessoa não quer. Eu costumo dizer uma coisa: Eu gosto de trabalhar com quem quer trabalhar. Não adianta você insistir com quem não quer nada, você está perdendo tempo, está aborrecendo a pessoa e não vai ter resultado. Trabalhe com quem quer trabalhar e trabalhe firme, assim você vai conseguir levar a Obra do Senhor a bom termo. Aqueles que quiserem ficar acomodados, o Espírito Santo vai tratando com eles, não se preocupe. Nós temos aprendido, nós temos visto ao longo desta caminhada o Senhor tratando com todos, individualmente. Não precisamos ser insistentes, impertinentes, com as pessoas. 5º aspecto - Imparcialidade Isso precisa acompanhar a nossa vida. A Palavra diz: Dt. 16:19 - ... nem tomarás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos. Ec. 7:7 - ... e a peita corrompe o coração. O presente, a peita, pode vir de várias formas, é aquela ovelha que chega para dar uma palavra de elogio, é aquele irmão que chega dizendo: Lembrei muito do senhor ... Ah, é seu aniversário... está aqui... Nós não precisamos disso, nós temos que estar bem à vontade se precisarmos chamar a pessoa e dar uma palavrinha a ela. Precisamos ser imparciais. Precisamos nunca nos esquecer daquilo que a Palavra nos ensinou, que é: ... e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. (Mt. 7:2) 6º aspecto - Misericórdia Quantas vezes você chega e dá uma cajadada numa ovelha, depois dá outra, e outra? Eu vou contar uma experiência. Um companheiro chegou numa igreja e lá estava um jovem que estava prestes para ir para o mundo, já estava numa situação difícil. O pastor sentou com o rapaz, conversou com ele e lhe disse: Olha, agora você pensa naquilo que ouviu e escolhe o que você vai fazer. Dias depois ele procurou o pastor e lhe disse: Olha, nunca ninguém falou comigo como você falou, nunca tinham-me tratado assim, como gente. Até aqui eu só tenho sido chamado para receber cajadada, você foi o primeiro que sentou e conversou comigo. Eu quero a bênção do Senhor. E deu resultado, aquele rapaz está firme e hoje ele é instrumentista, toca no Maanaim, está caminhando, está servindo ao Senhor, tudo isso porque ele encontrou alguém que lhe dirigiu uma palavra de misericórdia, uma palavra de esperança. A cajadada é benéfica quando é dada no tempo certo e da forma certa; às vezes a pessoa está precisando de um curativo, que lhe espremam a ferida e coloquem óleo, precisa provar o vinho, a doçura do Espírito, a comunhão, o refrigério. Então nós vemos que essa palavra do apóstolo Pedro é muito proveitosa para o exercício do ministério e, principalmente, ela se encaixa no lema que o Senhor tem determinado para este ano, que é: E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória. (I Pe. 5:4) Se, como pastores, nós vivermos isso aqui, estaremos guardando aquilo que o Senhor tem-nos dado, aquilo que Ele tem-nos confiado, para que nós exercitemos juntos com o rebanho. Amém. |
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