22 março 2012

No Jardim


NO JARDIM
de Max Lucado

É quase meia-noite quando eles deixam o cenáculo e descem pelas ruas
da cidade. Eles passam pelo Tanque Inferior e passam pelo Portão da
Fonte, saindo de Jerusalém. As estradas estão forradas com os fogos e
barracas de peregrinos da Páscoa. A maioria está dormindo, fartos com
a refeição da noite. Aqueles ainda acordados não dão importância ao
bando de homens que caminham pela estrada calcária.
Eles atravessam o vale e sobem o caminho que os levará a Getsêmani. A
estrada é íngreme e eles param para descansar. Em algum lugar dentro
das muralhas da cidade o décimo segundo apóstolo desce
sorrateiramente uma rua. Os pés dele foram lavados pelo homem que ele
trairá. O coração dele foi tomado pelo Maligno que ele ouviu. Ele
corre para encontrar Caifás.
O encontro final da batalha começou.
Quando Jesus observa a cidade de Jerusalém, ele vê o que os
discípulos não podem. É aqui, nos arredores de Jerusalém que a
batalha terminará. Ele vê as manobras de Satanás. Ele vê o
corre-corre dos demônios. Ele vê o Maligno se preparando para o
encontro final. O inimigo olha como um espectro aquela hora. Satanás,
o anfitrião do ódio, agarrou o coração de Judas e sussurrou na orelha
de Caifás. Satanás, o mestre da morte, abriu as cavernas e se
preparou para receber a fonte de luz.
O inferno está se soltando.
A história registra isso como a batalha dos judeus contra Jesus. Não
era. Era uma batalha de Deus contra Satanás.
E Jesus sabia disso. Jesus sabia que antes que a guerra acabasse, ele
seria levado cativo. Ele sabia que antes da vitória viria a derrota.
Ele sabia que antes do trono viria o cálice. Ele sabia que antes da
luz de domingo viria a escuridão de sexta-feira.
E ele tem medo.
Ele vira e começa a subida final até o jardim. Quando ele chega à
entrada, ele pára e volta os olhos para o círculo de seus amigos.
Será a última vez que ele os vê, antes deles o abandonarem. Ele sabe
o que farão quando os soldados vierem. Ele sabe que até a traição
deles falta poucos minutos.
Mas ele não acusa. Ele não dá carão. Ao invés disso, ele ora. Os
últimos momentos dele com os seus discípulos são em oração. E as
palavras que ele fala são tão eternas quanto as estrelas que as
ouvem.
Imagine, por um momento, você mesmo nesta situação. Sua hora final
com um filho prestes a ser enviado para uma terra distante. Seus
últimos momentos com seu cônjuge que está morrendo. Uma última visita
com seu pai. O que você diz? O que você faz? Que palavras você
escolhe?
É notável que Jesus decidiu orar. Ele decidiu orar por nós. "Eu não
estou orando somente por eles, mas também por aqueles que ainda vão
acreditar em mim por intermédio do ensino deles, para que todos sejam
um só. Pai, oro também para que eles estejam em nós, assim como eu
estou no senhor e o senhor está em mim. Que eles sejam um para que o
mundo acredite que o senhor me enviou." [João 17:20-21 Versão Fácil
de Ler]
Você precisa prestar atenção que nesta oração final Jesus orou por
você. Você precisa grifar em vermelho e realçar em amarelo o amor
dele: "Eu também estou orando por aqueles que ainda vão acreditar em
mim por intermédio do ensino". Isso é você. Enquanto Jesus entrou no
jardim, você estava na oração dele. Quando Jesus olhou ao céu, você
estava na visão dele. Quando Jesus sonhou com o dia em que nós
estaríamos com ele, ele viu você lá.
A oração final dele era por você. A dor final dele era para você. A
paixão final dele era você. Ele vira então, entra no jardim, e
convida Pedro, Tiago e João a seguirem. Ele lhes diz que a alma dele
"está profundamente triste, até à morte", e começa a orar.
Ele nunca se sentiu tão só. O que deve ser feito, só ele pode fazer.
Nenhum anjo pode fazer. Nenhum anjo tem o poder para quebrar os
portões de inferno. Nenhum homem pode fazer. Nenhum homem tem a
pureza para destruir o controle do pecado. Nenhuma força na terra
pode enfrentar o poder do mal e ganhar, exceto Deus.
"O espírito está disposto, mas a carne é fraca", Jesus confessa.
Sua humanidade implorou par ser livrado daquilo que sua divindade
poderia ver. Jesus, o carpinteiro, roga. Jesus, o homem, olha para
dentro do buraco escuro e implora, "será que não pode haver outro
jeito?"
Será que ele sabia da resposta antes que ele fez a pergunta? Será que
seu coração humano imaginava que seu pai divino havia achado outra
maneira? Nós não sabemos. Mas nós sabemos que ele pediu para escapar.
Nós sabemos ele implorou por uma saída. Nós sabemos que havia um
momento, no qual, se ele pudesse, ele teria se retirado da enrascada
toda e ido embora.
Mas ele não pôde. Ele não pôde porque ele viu você. Aí mesmo no meio
de um mundo que não é justo. Ele lhe viu num rio de vida que você não
pediu. Ele lhe viu traído por aqueles que você ama. Ele lhe viu com
um corpo que adoece e um coração que cresce enfraquece.
Ele viu você em seu próprio jardim de árvores tortas e amigos
adormecidos. Ele lhe viu fitando o buraco dos seus próprios fracassos
e a boca de sua própria sepultura.
Ele viu você em seu próprio Jardim de Getsêmani – e ele não queria
que você estivesse só. Ele queria que você soubesse que ele esteve lá
também. Ele sabe o que é ser alvo de um complô. Ele sabe o que é
ficar confuso. Ele sabe o que é ficar dividido entre dois desejos.
Ele sabe o que é sentir o fedor de Satanás. E, talvez mais que tudo,
ele sabe o que é implorar a Deus para mudar de plano e ouvir Deus
dizer tão suavemente, mas firmemente, "Não".
Pois foi isso que Deus disse a Jesus. E Jesus aceita a resposta. Em
algum momento durante aquela hora de meia-noite um anjo de clemência
chega para o corpo cansado do homem no jardim. Quando ele fica de pé,
a angústia não mais está nos olhos dele. Seu punho não se apertará
mais. O coração dele não lutará mais.
A batalha é ganha. Você pode ter pensado que foi ganha no
Gólgota. Não foi. A batalha final foi ganha em Getsêmani. E o sinal
da conquista é Jesus em paz entre as oliveiras.
Porque foi no jardim que ele tomou sua decisão. Ele preferiria ir
para inferno por você do que ir para o céu sem você.
Veja a seção especial sobre a Páscoa no site da Hermeneutica
http://www.hermeneutica.com/mensagens/ com pregações, ilustrações e
imagens especiais.
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Este artigo foi traduzido por Dennis Downing e reproduzido com a
devida autorização do autor para o site www.hermeneutica.com.
Copyright © 1996 Max Lucado e UpWords Ministries

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