21 fevereiro 2012

DO DESESPERO À ESPERANÇA

"Um jovem perguntou-me com os olhos cheios de emoção:
- Pastor, se Deus me perdoou porque não me devolve a saúde?
Esse jovem estava vivendo os momentos dramáticos da fase terminal da
AIDS e buscava a Jesus em desespero.
Minha pergunta é: pode Deus perdoar alguém que O procura só porque já
não sabe mais para onde ir? E o fato de Deus perdoar significa também
a cura do mal?
Em São Lucas encontramos o seguinte relato: "E, quando chegaram ao
lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à
direita e outro à esquerda... E um dos malfeitores que estavam
pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti
mesmo, e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu
nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na
verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos
mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te
de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te
digo hoje que estarás comigo no Paraíso." (São Lucas 23:33, 39-43)
Da cidade de Jerusalém saíam dois caminhos: um deles descia para
Jericó e o outro subia para o Monte do Calvário. No primeiro caminho,
os marginais, ladrões e delinqüentes viviam sua vida errada, amparados
pelas sombras da noite. Matavam, violentavam, roubavam e abusavam das
pessoas. Tinham a impressão de que nunca, ninguém, iria descobrir o
que estavam fazendo.
Naquele caminho que descia para Jerusalém, estes homens viviam sua
vida depravada, sem rédeas e sem normas. Argumentavam, discutiam e
tentavam justificar as suas atitudes. Viviam desesperados e vazios,
mas continuavam fazendo tudo aquilo tentando de alguma maneira
encontrar um sentido para a vida.
O que eles esqueciam era que, um dia, como resultado de terem descido
tão baixo, teriam que subir o Monte do Calvário. E lá, no topo da
montanha, teriam que pagar o preço das suas atitudes erradas.

No Brasil, não existe a pena de morte. Mas naquela ocasião e naquela
terra, existia, e não era executada numa câmara de gás, numa cadeira
elétrica ou por fuzilamento. Era executada pela crucificação.

Hoje é difícil entendermos o significado deste tipo de morte. Não era
uma morte simples. Os homens faziam uma cruz e cravavam o corpo do
marginal nessa cruz. Depois a levantavam e com o peso do corpo as
carnes do delinqüente se rasgavam.
Ninguém morre por causa de duas feridas que lhe fazem nas mãos e nos
pés. As mãos e os pés não são pontos vitais do corpo humano. Se ao
menos os pregos fossem colocados no coração, talvez o marginal
morresse imediatamente. Mas os pregos eram colocados nas mãos e nos
pés. O marginal não morria, ele era levantado na cruz, e dependendo da
resistência física, podia ficar pendurado nessa cruz um, dois ou mais
dias.
De dia, o sol implacável queimava suas carnes; de noite, o frio
castigava seu corpo. A lei permitia que só lhe dessem de beber um
pouco de vinagre. Este pobre marginal ia perdendo seu sangue gota a
gota, ia perdendo sua vida lentamente. Ele não morria de repente. Era
pendurado ali, para que tivesse tempo suficiente para lembrar de sua
vida passada, e se arrepender de todo o mal que tinha causado à
vítimas inocentes.
Chegava um momento em que o pobre marginal pedia aos soldados:
- Por favor, me matem, não me deixem mais aqui. Quero morrer. Por
favor, me dêem um golpe fatal.
Mas a lei não permitia. O homem tinha que morrer lentamente. A morte
de cruz, era uma morte cruel. Era a vingança da sociedade contra
homens que tinham abusado dela. Todo mundo concordava que aqueles
homens mereciam morrer ali, daquela maneira.
Quero que você imagine o monte do Calvário. Lá no topo deste monte
estão três cruzes. Na cruz do meio, está supostamente o pior deles:
"Jesus". Os outros dois ao lado estão ali porque transgrediram a lei
de Roma. O do meio, Jesus, está ali porque transgrediu a lei dos
Judeus. Os dois ao lado estão ali porque quebraram a lei de Deus, o do
meio, Jesus, está ali simplesmente porque quebrou a tradição dos
homens. O moralismo barato nunca poderá entender qual é a diferença
entre a lei de Deus e a tradição dos homens.
Ali estava Jesus pendurado no meio de dois ladrões. Amigo querido,
precisamos entender esta atitude de Jesus. As últimas horas de Sua
vida Ele passou entre dois malfeitores, dois pecadores, dois homens
sem esperança, dois marginais. Sabe por quê? Porque Jesus veio a este
mundo para salvar o pecador; veio a este mundo para buscar aqueles que
não têm mais esperança, aqueles que não têm mais para onde ir, aqueles
que não têm mais o que fazer com sua vida, aqueles a quem seus pais
olham e pensam que para eles não há mais remédio, aqueles a quem a
sociedade olha e diz que já não têm mais saída, nem recuperação. Ele
veio a este mundo, e durante toda a sua vida, procurou esse tipo de
pessoas.
Um dia, quando Jesus chegou à Jerusalém, era um dia de festa, Ele foi
ao pórtico do templo, perto do tanque de Betesda. Ali estavam os
pobres pecadores lamentando a triste conseqüência física de seu erro.
Jesus sempre sabia onde encontrá-los. Isto não é reconfortante e
alentador para alguém que viveu uma vida tortuosa no passado e não
consegue ver-se livre do tormento da culpa? Jesus veio para morrer
justamente pelos homens que têm uma história negra. Jesus morreu para
devolver-lhes a dignidade e a paz.
Quero que você imagine a montanha do Calvário neste momento. Observe
três reações diferentes dos homens ali presentes. Um foi incrédulo e
criticou Jesus. O outro aceitou a Jesus e se arrependeu da vida
passada. E a multidão simplesmente olhava. Foi indiferente.
Hoje também existem estes três tipos de pessoas: aquelas que carregam
no coração um sentimento de incredulidade e crítica para tudo que tem
a ver com Cristo e com a religião. Existem outras pessoas que têm uma
atitude de reconhecimento, de aceitação, de arrependimento e entrega a
Cristo. E também existem pessoas que permanecem indiferentes ou na
melhor das hipóteses, que ficam simplesmente olhando para ver o que
vai acontecer.
Quero meditar na atitude do primeiro marginal. Aquele que olhou para
Cristo e disse: "... Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós"
(Lucas 23:39).
"Se tu és o Cristo". Você já percebeu que enquanto Cristo acreditava
nos homens, estes sempre duvidavam dEle? O diabo no deserto disse a
Jesus: "... Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem
em pães" (Mateus 4:3).
O povo disse: "... Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o
Cristo, o escolhido de Deus" (Lucas 23:35).
E aquele marginal, na agonia, olha para Jesus com incredulidade e diz:
"... Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós" (Lucas 23:39).
Mentes conturbadas, arrasadas pela dúvida, reclamando uma demonstração de poder:
- Eu acreditarei em Deus, se Ele fizer isto. Eu entregarei a minha
vida a Jesus, se Ele fizer aquilo...
Todo mundo queria uma demonstração de poder. Mas, para quê uma
demonstração de poder, se tanta demonstração de amor não tinha sido
capaz de cativar estas mentes?
O ladrão que pediu provas a Deus na cruz do Calvário, é o símbolo de
muitos de nós que estamos morrendo neste mundo, consumidos pelo sol da
incredulidade, arrasados pelo vento gelado de nossas dúvidas. Sabemos
que estamos indo a caminho da morte. Sabemos que a vida está fugindo
de nossas mãos, mas queremos provas, queremos racionalizar:
- Se Tu és o Filho de Deus... por que há crianças pobres? Se Tu és o
Filho de Deus, por que meu pai morreu? Se Tu és o Filho de Deus, por
que perdi o emprego? Se Tu és o Filho de Deus por que há ricos muito
ricos, e pobres muito pobres?
Como se Deus tivesse que resolver o que nós, os homens, temos que
resolver aqui nesta Terra. Como se Deus estivesse lá no céu com uma
vara mágica tendo que compensar nossa irresponsabilidade nesta Terra.
Ah, querido, mentes arrasadas pela dúvida, reclamando uma demonstração de poder!
Mas então aparece o outro ladrão, e recrimina seu companheiro, dizendo:
- Eu não entendo você. Está aí morrendo, e não quer aceitar a Jesus.
Você e eu temos razão de morrer, porque somos maus, nós vivemos uma
vida errada, nós fizemos tudo errado, desperdiçamos nossa vida,
arruinamos nossa juventude, nos deixamos arrastar pela nova moral,
vivemos sem valores, sem princípios. Fizemos de nossa vida o que nos
deu vontade. Você e eu temos razão de morrer. Mas olha para esse
homem, Ele não fez mal a ninguém.
Ah, querido, o único delito de Jesus foi acreditar no ser humano. Ele
nunca fez mal a ninguém. O único delito do qual Ele podia ser acusado,
era de ter amado o ser humano; de ter restaurado prostitutas, ladrões
e marginais; de ter curado leprosos; de ter devolvido a vista aos
cegos... de que mais podiam acusá-Lo?
Mas sabe por que mataram a Jesus? Aquele povo vivia sua vida moral à
sua maneira. Aqueles homens tentaram ganhar a salvação por sua boa
conduta, por seu comportamento correto, porque não faziam isto, ou
aquilo. Seguiam suas normas milimetricamente. Agora Jesus vinha e
oferecia a salvação a uma prostituta, que vendia seu corpo na rua; a
um marginal que, mesmo pendurado na cruz, poderia ser salvo se
conseguisse apenas crer. Aos leprosos, aos viciados, aos escravizados
na miséria deste mundo. Aquele povo, que se esforçava para ganhar a
salvação com seu bom comportamento, não podia entender isso:
- Como é que eu, que me esforço para não matar, não fumar, não roubar,
vou me salvar juntamente com este homem que viveu pecando toda a sua
vida? Isso não é justo. Só porque se arrependeu no último minuto é
salvo? E eu que vivi toda a minha vida esforçando-me para obedecer,
será que terei a mesma sorte que ele?
Ah, era duro demais para eles entenderem.
Jesus veio para abalar os alicerces de um povo que fundamentava sua
salvação em suas boas obras, em sua boa conduta, em seu bom
comportamento. Jesus veio ensinar a este mundo que a salvação não
depende do que você faz, a salvação depende de Jesus. Ele veio ensinar
que não é sua conduta que vai salvá-lo. Veio dizer que você tem que ir
a Ele como está, porque Ele o ama, o recebe, e vivendo em você, pode
transformar sua vida e levá-lo a viver uma vida de obediência, como
resultado de sua comunhão com Ele.
Quero que saiba algo muito importante. Se estiver vivendo uma vida
errada, "Deus o ama muito". Não porque você vive uma vida errada. Deus
o ama apesar de você viver uma vida errada. Não estou dizendo que Deus
está contente com a vida errada que você vive. Não estou dizendo que
Deus aceita a vida errada que você vive. Não estou dizendo que Deus se
sente feliz quando os homens vivem sem leis e sem normas, arruinando
sua vida. Claro que não. Mas Deus não deixa de amá-lo por isso.
Ele não veio somente para perdoar seus pecados, Ele veio para
transformar sua vida. Não veio simplesmente para livrá-lo de seu
passado, veio para fazer de você, nesta vida, um homem vitorioso, para
dar-lhe um presente limpo e um futuro maravilhoso de salvação. Então,
você não tem o direito de ficar triste, sentindo que não tem esperança
de vitória.
Não importa como você está vivendo. Não importa quem você é. Não
importa quantas vezes tentou sair dessa situação sem conseguir. A
mensagem de hoje é que Cristo tem poder para transformar sua vida.
Nos últimos minutos de sua vida, Jesus conseguiu conquistar o coração
do bom ladrão. Ali, pendurado na cruz, aquele homem disse: "Senhor,
lembra-te de mim, quando entrares no teu reino" (Lucas 23:42).
"Lembra-te de mim". O que havia para lembrar na vida daquele homem?
Que passado tinha que valesse a pena ser lembrado? Uma vida de
marginalidade, de violência, uma vida de escravidão.
Não era a primeira vez que aquele homem estava vendo Jesus. Talvez o
ladrão tivesse visto Jesus pela primeira vez quando Cristo estava
iniciando seu ministério, ou talvez em outras ocasiões. Ele sentiu
muitas vezes o apelo divino, mas estava tão cheio das coisas desta
vida que não teve tempo para aceitar Jesus. Continuou vivendo como se
a vida nunca fosse acabar. O que ele não sabia era que essa vida
terminaria levando-o ao topo da montanha, para ser pregado como um
animal selvagem, numa cruz.
Mas agora, no último momento da vida, ele vê Jesus sofrendo, e diz:
- Senhor, eu creio em Ti, apesar de estares morrendo.
Este homem não precisou de uma demonstração de poder. Ah, querido,
muitos foram atraídos pelo Cristo que multiplicou pães, pelo Cristo
que abriu o Mar Vermelho ou pelo Cristo dos milagres. Mas este homem
acreditou num Cristo que estava morrendo, num Cristo em agonia. Este
homem foi conquistado pelo amor, não pelo poder.

"Lembra-te de mim". O que havia no passado deste homem que valesse a
pena ser lembrado? Mas, embora não tivesse um bom passado, ele tinha
um presente, e neste presente, se agarrou a Deus com toda as suas
forças e disse:
- Senhor, não Te soltarei se não me abençoares.
Querido, vou dizer algo que merece ser lembrado. Talvez seu passado
não seja um passado do qual você sinta orgulho. Talvez seu passado
esteja cheio de coisas erradas, das quais você se envergonha. Talvez,
deitado na cama, muitas vezes você tem dito a Deus:
- Senhor livra-me do meu passado.
Então ouça isto: ninguém vai se perder por causa do passado. Se um dia
nos perdemos vai ser porque não aproveitamos o presente.
O ladrão na cruz tinha um passado tormentoso, não havia nada que
valesse a pena ser lembrado. Mas ele tinha um presente, e neste
presente ele aproveitou a sua oportunidade.
Enquanto o outro zombava, pedia provas, criticava e condenava, este
ladrão, que não tinha nenhum passado do qual se orgulhar, se agarrou
desesperadamente no Cristo que sofria e disse: "Senhor, lembra-te de
mim, quando entrares no teu reino" (Lucas 23:42).
Que grande dia aquele para o ladrão! De manhã estava com medo da
morte; ao meio dia vieram tirá-lo da prisão. Fizeram-no carregar sua
cruz e levaram-no até o topo da montanha. Quando chegou a tarde, lá
estava ele pendurado, condenado a uma morte miserável, com um passado
terrível, sem nenhum futuro, com um presente que não significava muita
coisa... Mas ali, na hora da morte, encontrou Jesus a seu lado. Bastou
dizer:
- Senhor, eu creio em Ti.
E agarrando-se naquele momento no braço poderoso de Jesus, pôde
garantir um futuro maravilhoso para quando Ele voltar.
Quem sabe, você pode estar pensando: "Quer dizer que eu posso
continuar vivendo uma vida errada, e no último momento posso me
arrepender e aceitar o Salvador?" Sim, pode fazer isso. Só que talvez
não seja um bom negócio.
Aquele ladrão se arrependeu e foi salvo por Cristo na cruz, mas teve
que morrer. Ele receberá a vida eterna quando Cristo voltar. Mas, por
que ser salvo para morrer, se você pode ser salvo para continuar
vivendo nesta vida? Aí está a chave do problema.
Certa ocasião, estava preparando-me para a pregação quando uma mãe me
apresentou o seu filho de dezoito anos, e me disse:
- Pastor, fale alguma coisa para ele. Meu filho está condenado à
morte, está na fase terminal da AIDS.
E ele, com lágrimas nos olhos, me perguntou:
- Pastor, Deus está me castigando não está?
Eu o abracei e disse:
- Não filho, Deus não está castigando você. Você está sofrendo as
conseqüências do seu erro. Mas Deus o ama, e se você se arrependeu,
Deus já o perdoou.
E ele continuou perguntando:
- Se Deus me perdoou, por que Ele não me cura?
- Filho, - respondi, - há leis da natureza que precisam seguir seu
curso. Se eu soltar meu relógio, ele vai cair e quebrar, porque existe
a lei da gravidade. Você quebrou leis da natureza e está sofrendo as
conseqüências do seu erro. Mas Deus o ama, Ele o perdoou, e você está
salvo em Cristo.
Ali estava o ladrão na cruz. O seu passado foi perdoado. Mas ele teve
que morrer.
A minha pergunta é: por que não vir a Jesus quando podemos lhe
entregar nossa juventude? Por que não acreditar que Ele pode nos
transformar? Não há ninguém por quem Jesus não possa fazer alguma
coisa.
Se você é um homem que acha que não vale nada, venha a Ele. Se você é
um bom cidadão cheio de qualidades, mas que lá no fundo do coração
sente aquele vazio que dói, venha também a Ele. Se você é um homem que
não tem nada de riquezas nesta Terra, venha a Ele. Se você é um homem
que tem muitas riquezas, venha a Ele. Se você não tem cultura, venha a
Ele. Se você tem muita cultura, também venha a Ele.
A pouco tempo conversei com uma pessoa que chegava da Alemanha. Ela
trazia seu quinto doutorado. Cinco títulos doutorais. Os anos passam e
ela não pára de estudar. Esta mulher, com um ar de tristeza nos olhos,
me dizia:
- Pastor, eu não sou feliz. Eu não tenho paz.
A cultura é boa meu amigo, mas a cultura não pode ocupar o lugar que
só Cristo pode ocupar.
Eu conheço gente que possui muitos recursos materiais e diz:
- Pastor, ore por mim, eu não tenho paz.
O dinheiro é útil, mas só Cristo pode dar sentido ao dinheiro.
Eu conheço gente que tem tudo, mas não é feliz. Porque tudo pode ser
útil na vida, mas só Cristo pode dar sentido à existência.
Esta é sua grande oportunidade de aceitar Jesus. Abra seu coração.

Autor: Pastor Alejandro Bullón

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