Por Sha'ul Bentsion
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Lucas 17:12-19
"... saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; E levantaram a voz, dizendo: Yeshua, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando ao Eterno em alta voz; E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Yeshua, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória ao Eterno senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou".
Em Lucas 17:12-19 nós encontramos a famosa história dos dez leprosos.
É importante nós entendermos alguns elementos do contexto para podermos compreender melhor essa história.
Primeiro ponto importante diz respeito a lepra. A lepra, ou no hebraico Tsara'at que é mostrada na Bíblia, não é a mesma coisa que a "lepra moderna". A "lepra moderna" ou hanseníase é uma doença que escurece a pele, não apresenta pus logo de imediato, pode inchar e é uma doença incurável sem o uso de antibióticos.
Já a lepra bíblica além de curável, ela tornava a pele esbranquiçada, purulenta, tornava a região mais afundada, passava para as roupas e até para as casas, e não apresentava os sintomas da lepra moderna. (Lev 13:2-14:57). Era uma doença que já está extinta mas não era uma doença qualquer, era uma enfermidade espiritual.
Nós podemos ver então na visão israelita que essa enfermidade espiritual era consequente da difamação, por exemplo Deut 24:8-9 lemos: "Guarda-te da praga da lepra, e tenhas grande cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer. Lembra-te do que o Eterno teu Senhor fez a Miriã no caminho, quando saíste do Egito".
Vemos o relato de Miriam em Numeros 12:10, que falou mal de Moisés, e por conta dessa difamação a sua pele se tornou esbranquiçada pela tsara'at, por essa lepra bíblica. Portanto, a pessoa difamava alguém e por consequencia desenvolvia essa "lepra". E por conta disso, na visão israelita a tsara'at não era considerada contagiosa (enciclopédia judaica).
Uma pessoa com tsara'at, era completamente afastado do convívio social, e não poderia viver na cidade (Lev 14:2-3). Ou seja, a sua família, os seus bens, a sua casa, a sua profissão se fosse dentro da cidade, tudo isso se tornava inacessível, e não por causa de um contágio de doença, mas por causa do contágio espiritual do pecado. Essa era a visão israelita.
Portanto, ficar com manchas na pele era o de menos. A perdia a toda a sua vida. Então, nós podemos perceber que a cura da tsara'at ("lepra"), significava que Yeshua havia perdoado os seus pecados, porque a pessoa só poderia alcançar essa cura se seus pecados referentes a difamação cometida tivessem sido perdoados.
Ao perdoar os seus pecados e purificá-los da tsara'at, Yeshua não apenas restaura a saúde, mas também a totalidade de suas vidas. Eles poderiam então voltar ao arraial da comunidade, poderiam voltar a cidade, poderiam voltar a ver os seus parentes, a estarem em suas casas e etc...
E a passagem que diz: "não houve quem voltasse para dar glória ao Eterno senão esse estrangeiro? (Lc 17:18) é particularmente relevante, porque na cultura israelita um estrangeiro que contraísse a tsara'at ("lepra") não era visto com maus olhos. Isso para um estrangeiro não tinha a menor importância, tanto que a Mishná Negaim 3:1 diz: "Todos podem contrair imundícia da lepra, exceto um pagão ou estrangeiro residente". Ou seja, a tsara'at era vista como uma consequencia espiritual apenas para o povo de Israel e dentro da comunidade judaica apenas para o povo judeu, visto que os samaritanos eram marginalizados e tratados como estrangeiros. Um samaritano ter tsara'at dentro de uma comunidade judaica não fazia a menor diferença. Ele já era uma pessoa marginalizada, e o fato dele ter essas manchas na pele não fazia pra ele a menor diferença e não seria removido do arraial porque ele não era considerado pela sociedade da época como uma pessoa que precisaria ser excluido do arraial. A cultura judaica não tinha o hábito de ver a situação dessa forma.
Então, aquele samaritano que volta para Yeshua, na realidade quando pede a cura ele não tinha nada a lucrar. Ele não pede a cura querendo a vida dele de volta. Ele pede a cura simplesmente porque ele quer de fato o perdão do seu pecado.
E é por isso que Yeshua diz: "a tua fé de salvou".
Enquanto aqueles outros homens estavam preocupados em retomar as suas vidas, aquele samaritano tinha como única preocupação retificar a sua vida perante o Eterno.
Portanto assim nós podemos entender o evento que aconteceu:
- Dez pessoas cometeram difamação. Nove perderam tudo devido a isso. Todos pediram que Yeshua os purificassem, mas somente um fez por estar arrependido, e não por causa dos beneficios. Somente esse, que não tinha beneficio material algum para receber, foi grato a Yeshua.
Então que lições podemos aprender:
1 - O Eterno não tolera difamadores e fofoqueiros. A difamação e a fofoca é muito presente em nossa realidade, mas é importante nós termos em mente que o Eterno não tolera esse tipo de prática.
2 - A verdadeira fé não se preocupa com beneficios materiais. E sim com o perdao do pecado que levara a uma restauração do relacionamento com o Eterno.
3 - Devemos ter gratidão porque Yeshua nos devolveu a vida, e não nos indagarmos porque Ele ainda não nos deu isso ou aquilo que nós pedidos. Pois devemos ter o foco no que é verdadeiramente importante, como o fez esse samaritano.
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