07 outubro 2010

O Naufrago!

O NAUFRAGO!
de Dorian Anderson Soutto

Estou pagando até hoje por uma dívida que fiz lá trás, por um ato
impensado, agir por impulso, não exercer domínio próprio.
E não adianta querer culpar o banco por seus juros altíssimos; quando
eu precisei, ele me atendeu. Agora devo e vou pagar.
Mas e quando devo pagar por algo que não foi causado por mim mesmo?
Vou mais além: E quando tenho que pagar por algo que não foi
ocasionado por mim mesmo? E eu ainda alertei que poderia acontecer?
Conheci duas pessoas que eram sócias em um pequeno comércio que
estava prestes a quebrar. Um deles pegou o dinheiro para pagar as
contas e fugiu, deixando o negócio sem estoque, sem dinheiro e os
fornecedores cobrando duplicatas vencidas. Durante muitos anos esta
pessoa que ficou com o estabelecimento teve que colher frutos amargos
desta sociedade. Teve que pagar até contas de coisas particulares do
sócio que usou o nome da empresa para este fim.
Podemos dizer que ele escolheu o sócio errado, deu azar, não soube
administrar, etc e tal. Mas não é aí que quero chegar, mas sim no
fato de que ele teve que suportar algo que ele não causou, não
diretamente.
Quantas famílias têm que suportar, por anos, problemas ocasionados
por uma pessoa apenas. Uma traição, um envolvimento com drogas, uma
prisão, um vírus da AIDS e tantas outras coisas que adentram as
nossas portas sem bater e causam dor, choro e transtornos com os
quais teremos que conviver durante anos, ou o resto de nossas vidas.
Em situações como essas, não adianta querer encontrar um culpado. Às
vezes até temos o culpado. Mas ficar culpando ou cobrando não vai
ajudar em nada; só vai piorar causando mais problemas
O que pode fazer diferença numa situação com esta é a posição que a
pessoa se encontra. Ou seja, uma pessoa que já está em Cristo Jesus
pode fazer toda a diferença.
Um episódio ocorrido com Paulo em Atos 27 pode nos ajudar a
compreender um pouco sobre esta questão:
O local onde Paulo se encontra é chamado de Bons Portos, perto da
cidade de Laséia.
Paulo tinha sido preso e junto com alguns outros presos estava
entregue a um centurião por nome Júlio num navio rumo à Itália,
navegando vagarosamente por muitos dias com dificuldades. E o vento
não permitiu ir mais adiante, forçando-os a parar num lugar chamado
"Bons Portos".
Agora Paulo estava seguro, estava em "Bons Portos". Mas não era isto
que o piloto e o dono do navio pensavam. Eles decidiram continuar
mesmo contra os ventos fortes.
Paulo os alerta dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser com
avaria e muita perda, não só para a carga e o navio, mas também para
as nossas vidas.
Mas em que a voz de um prisioneiro faria diferença? O centurião dava
mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que às coisas que Paulo
dizia.
Paulo não tinha outra opção a não ser continuar viagem, juntamente
com eles, pois estava literalmente preso a eles. Não tinha uma
segunda opção.
Fico a pensar como isso é comum em minha vida. Quantas vezes eu
alerto pessoas próximas a mim que estamos indo navegar em águas
perigosas, mas não me dão ouvidos, e mesmo assim sou obrigado a ir
junto, pois estou preso a elas, preso no amor ou na situação em que
me encontro.
Fico a pensar em quantas vezes fui alertado, mas por ter sido por uma
pessoa em situação de desconsideração como a de Paulo, eu ignorei
seus avisos.
Situações em nossas vidas colocam todos no mesmo barco enfrentando os
mesmos riscos.
Éramos ao todo no navio duzentas e setenta e seis almas.
E o que mais Paulo temia aconteceu. Desencadeou-se ao lado da ilha um
tufão chamado euro-aquilão e, sendo arrebatado o navio e não podendo
navegar contra o vento, cederam à sua força e deixaram-se levar.
A coisa chegou a uma situação que não tinha mais controle. O navio
ficou à deriva, totalmente na dependência de Deus. Não havia mais o
que fazer.
Quantas vezes peguei-me em situação igual: todas as forças se
esgotaram, não podia fazer mais nada, apenas um milagre poderia mudar
a situação.
Mas ainda não iremos nos entregar... Jogue toda a carga ao mar.
É o que fazemos, vendemos alguns bens necessários para sobreviver
mais um pouco; tentamos mais uma vez.
E ao terceiro dia, com as próprias mãos, lançaram os aparelhos do
navio ao mar.
Ultima tentativa, lançamos mão do que era vital para continuar a
viagem.
Não aparecendo por muitos dias nem sol nem estrelas, e sendo nós
ainda abatidos por grande tempestade, fugiu-nos afinal toda a
esperança de sermos salvos.
Nesta situação jogamos até a esperança ao mar...
Éramos ao todo no navio duzentas e setenta e seis almas...
Mas bendito seja o nome de nosso Deus, engrandecido seja eternamente
Seu nome, louvores sejam dados a Ele sempre e sempre, pois a sua
misericórdia dura para sempre. Pode uma mãe esquecer o filho que
amamenta? Sim pode! Mas Deus não se esquece de um filho que ama. Ele
move os céus e a terra se necessário para salvar um dos seus
pequeninos.
Das duzentas e setenta e seis almas, uma delas fez a diferença. Todas
no mesmo navio, na mesma condição, mas não aos olhos do Guarda de
Israel.
Quantas vezes pude ver famílias sendo restauradas, sendo salvas,
sendo colocadas em lugares seguros, porque um era filho(a), eleito(a)
e amado(a).
Paulo já estava desfalecido juntamente com os outros, mas logo ele se
colocou em pé e disse: Senhores, devíeis ter-me ouvido e não ter
partido de Creta, para evitar esta avaria e perda. Mas tende bom
ânimo porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e
a quem sirvo, dizendo: NÃO TEMAS PAULO! Importa que compareças
perante César, e eis que Deus te deu todos os que navegam contigo.
Deus tinha um propósito na vida de Paulo e iria cumprir. Independente
das atitudes inconseqüentes que envolveram Paulo, Deus continuaria
com seu plano.
Por mais difícil que pareça a situação em que me encontre, seja ela
causada por mim mesmo ou por outros, Deus tem um plano para minha
vida, plano de paz, e não de mal, para me dar um futuro e uma
esperança.
O mais interessante é que Deus não tira Paulo daquela situação
terrível, Ele manda seu anjo para animá-lo, assim com o fez com Elias
quando (I Reis 19)"pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó
Senhor; toma agora a minha vida".
Deus não tirou Elias de lá e nem Paulo aqui, mas mandou seus anjos
com a sua santa palavra para animá-los.
Tenhais bom ânimo! Foi dito a Paulo, e "Levanta-te e come, porque
demasiado longa te será a viagem" foi dito a Elias.
Deus não nos saca do fogo, mas está conosco no fogo, assim como
esteve com os amigos de Daniel.
Ele nos anima com sua palavra, "Vamos filho! Levanta! Ainda terá que
andar mais um pouco!"
Gosto de pensar que o pão que o anjo deu para Elias significava o
nosso pão diário, a palavra, e a água, o Espírito Santo. É esta
combinação que vai nos dar força para continuar.
Paulo chegou a terra seca finalmente, numa ilha que se
chamava Malta. Quando pensou que tinha acabado o susto, uma víbora
lhe picou a mão, mas o veneno não teve efeito.
Às vezes fico pensando se esta víbora não estava tentando destruir
Paulo havia muito tempo, mas Deus mostrou que, nos seus filhos, o
maligno não toca.
Aleluia! Vamos continuar! A palavra é bem clara: "ANIME-SE!".

http://www.iluminalma.com.br/vec/1010/07-naufrago.html

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