Gilda Carvalho
gilda@puc-rio.br
Os discípulos de Jesus proibiram a atuação de um homem que expulsava demônios em Seu nome, porque ele não pertencia ao grupo de discípulos do Mestre. Ao comentar com Jesus o que haviam feito, Ele os adverte, demonstrando que a experiência de Deus não era exclusiva daqueles que O seguiam.
A advertência de Jesus demonstra que há uma grande diferença entre estar perto Dele e fazer uma real experiência de Deus. Atualizando a mensagem evangélica, podemos entender que há uma grande distância entre o prestar o culto ou cumprir os preceitos da Igreja e encontrar Deus e viver como um verdadeiro cristão. Experimentar Deus nos capacita a fazer milagres – não só a libertação dos males físicos, mas também daqueles da alma; nos faz testemunhar com alegria a vida em comunhão com o Senhor.
Como, então, diferenciar aquilo ou aquele que está ou não a favor de Cristo? È o próprio relato do Evangelho que oferecerá as pistas. Jesus continua dizendo: se você receber um copo d’água porque foi reconhecido por ser de Cristo, seu testemunho já foi válido e você tocou alguém que também receberá a sua recompensa. Mas, se alguém for causa de escândalo para aqueles que acreditam, perder-se-á.
Ora, como reconhecer o que pode ou não ser causa de escândalo? Jesus fala: “para aqueles que crêem”, ensejando que aqueles que acreditam são capazes de reconhecê-Lo no próximo seja através de suas palavras, seja através de suas ações ou frutos delas. Quais os frutos daquele que segue Jesus? A paz, a harmonia, a união, a comunhão... enfim, o que vem de Deus não nos escandaliza, não nos causa dor, não dissemina a discórdia ou o sofrimento. Portanto, podemos reconhecer a ação dos verdadeiros discípulos de Jesus, na medida em que conseguimos ler nas linhas da vida o caminho do bem, da construção da justiça, da promoção humana. E isso pode ser construído não somente por aqueles que estão próximos à palavra de Deus no cumprimento dos preceitos religiosos, mas também por aqueles que “não pertencem ao grupo” ou não necessariamente seguem a mesma religião.
A mensagem de Jesus é uma mensagem universal, que atinge a todos porque fala daquilo que vai no coração do homem e que se concretiza em seus maiores desejos e inquietações: o sentido da vida, a relação com o outro, a ética, os valores que promovem o bem comum, a justiça... e isso não é patrimônio exclusivo de um ou outro grupo.
Contudo, estejamos atentos aos frutos: o homem que expulsava demônios em nome de Jesus produzia um fruto bom e Jesus soube reconhecê-Lo, advertindo que não agia contra Sua mensagem. Porém, sabemos que muitas vezes os frutos maus se encobrem com folhagens bonitas... Por isso, a necessidade de uma constante vigilância, de uma vida intensa de oração para que no íntimo de nossos corações possamos reconhecer: É o Senhor!
Texto para sua reflexão: Mc 9, 38-50
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