18 março 2015

SAIA DA SOLIDÃO - POR PASTOR DANIEL VIEIRA

 


SAIA DA SOLIDÃO

Há formação de teses para defesa de tudo. Teses que procuram e defendem virtudes em sentimentos terríveis e alguns nefastos. Não sei se a solidão está inserida, para a maioria, nessas qualificações aqui sobrepostas. Porém, não a defendo.
Podem falar tudo que quiserem a respeito dos benefícios da solidão.

Falem que ela molda o caráter.
Que nos faz refletir.
Que nos ajuda na concentração.

Que nos faz pacientes e que ensina-nos a serenidade. Ainda assim, a solidão dói.
A solidão nos faz mais pensadores e pode ou não nos fazer nobres, mas isso não anula a dor. Não anula a ansiedade, não anula a necessidade que o ser humano tem de companhia e de ser importante para alguém.
A solidão, às vezes, apavora!

Tira o apetite e o prazer de ir a restaurantes. O prazer de lugares festivos.

Arranca lágrimas com facilidade, e faz muitos solitários irem para cama mais cedo.
Quando se é jovem e se tem certeza de que é desejado e escolhido por muitos, a solidão até parece uma boa ideia, e o morar sozinho dá a ideia de conforto e requinte. Porém quando os anos passam, e se tem de enfrentá-la, ela parece ser apavorante.

Fui enviado para pastorear uma igreja numa pequena cidade no sul do Maranhão. Chegando ali, conhecemos o irmão Monteiro, um membro piedoso daquela igreja. Aquele irmão era um ajudador, ele se preocupava com nossa família e com a construção do templo que iniciamos logo que chegamos ali. Era o maior contribuinte em dízimos e ofertas e uma pessoa amabilíssima.

Certo dia, aprouve ao Senhor chamá-lo para sua glória enquanto ele ministrava em um culto de sexta-feira. Foi um choque para todos nós naquela igreja.

Nos dias seguintes ao sepultamento deste irmão, pude presenciar como a sua falta entristecia a sua esposa, irmã Evanir, que chorava muito. A solidão que ela sentia era enorme e, por vezes, a visitei e ouvia-a enquanto via suas lágrimas descerem, mesmo sem dizer nenhuma palavra. Porque creio que quando parece que não fazemos nada, quando parece que não temos nenhuma mensagem pronta para o momento, quando parece que a melhor coisa que podemos oferecer são as lágrimas em silêncio, um abraço rápido ou uma oração compartilhada, Deus torna isso suficiente.

A nossa visita àquela irmã era a nossa maneira silenciosa de dizer-lhe que a vida continuava, apesar da tragédia da perda e da solidão que sentia.

É provável que ninguém, nem mesmo os seus filhos, sentiam a dor da separação como ela sentia, não de maneira explícita e consciente. E em uma daquelas visitas, eu lhe disse: "Quero apenas dizer que a vida continua, que a morte mais uma vez separou momentaneamente duas pessoas que se amavam, mas Cristo tem o poder de um dia uni-las de novo na glória".
Você é um solitário?

É duro, mas tenho de perguntar. E imagino que esta seja uma grande lição que você deve aprender, se quiser superar a sua solidão. Lembre-se, a solidão não o torna um fracassado. Isolar-se, aceitar a solidão e recusar tentar encontrar alguém de novo pode torná-lo solitário e fracassado.

Solteirice não é sinônimo de incompetência, afinal, o grande apóstolo Paulo era solteiro. Mike Murdock, um dos maiores escritores cristãos da atualidade, vive uma vida de solteiro há mais de trinta anos. Solteiros, se quiserem, podem ser mais produtivos que aqueles que têm um cônjuge.

Há muitos que estão vivendo sozinhos, mas, na verdade, não são solitários. Aprenderam a viver com a doce companhia de Cristo no seu dia-a-dia, e isso tem sido motivo de alegria no viver.

A definição de solitário é que "é único num lugar."

Você é único? 

O fato de você não ter um cônjuge e não estar namorando alguém não o faz um solitário. Solitário é aquele que se isola, não faz amizades e vive sempre de mal com a vida. Mesmo sem ter um cônjuge você pode ser feliz e ser bem sucedido na vida.
Moisés viveu por quarenta anos tendo sempre em sua volta muita gente. Viveu no suntuoso palácio de Faraó, onde glamour e badalação eram comuns na sua vida. No entanto, aos quarenta anos de idade, Moisés presenciou uma cena de humilhação de um egípcio contra um hebreu, por causa disso revoltou-se e matou o agressor. Essa morte não ficou barato para ele que, por medo de pagar com a própria vida, teve de fugir para o deserto.

Olhe só!  De príncipe no palácio de Faraó a fugitivo no deserto de Midiã. E isso era apenas o início. Nos próximos quarenta anos, a solidão seria a sua maior companheira.

A solidão, o vazio e a falta de pessoas ao seu derredor foram tão grandes, que lhe causou um problema na fala, porque pouco conversava, apenas o balido das ovelhas o cercava vinte e quatro horas por dia.

Em Atos 7:22, o texto o descreve como sendo um homem: "poderoso de palavras e obras".

No entanto, o próprio Moisés respondeu ao Senhor depois da visão da sarça: "Nunca fui eloquente... sou pesado de boca e pesado de língua" (Êx 4:10). Uma explicação mais correta é: "tenho um problema na fala". Como se estivesse dizendo: "Sou gago".

Quando analisamos rapidamente os textos, parece termos aí uma grande contradição, mas examinando em detalhes, fica evidente o efeito devastador que a solidão causou na vida de Moisés. Antes dos quarenta anos no deserto, ele era seguro de si e talentoso orador. Inclusive já havia entendido o chamado de Deus para libertar o seu povo. (At 7:25)

Agora, após matar o egípcio, Moisés ficou cheio de dúvida. Se havia sido realmente chamado por Deus, por que falhou?
Por que seu próprio povo o rejeitou?

Era o seu chamado uma invenção da sua mente?

Bem, todas essas indagações provavelmente martelaram a cabeça de Moisés por quarenta anos. Não foi fácil mudar um padrão de vida tão drasticamente, pois houve a perda de status e prestígio social, acompanhados das consequências psicológicas. Do esplendor do palácio de Faraó com uma mesa farta, empregados a seu dispor para uma tenda no meio da escuridão do deserto com pouca comida e nenhum conforto.
Do urbano esplendor do Egito com suas badalações palacianas ao desolado deserto de Midiã tendo, na maior parte do tempo, apenas ovelhas como companhia. Não é de admirar que Moisés se tornasse um gago.

Seu chamado estava em dúvida.  Seu amor próprio, abalado.

A culpa o esmagou por dentro e a falta de companhia para conversar o deixou pesado de língua.
O fracasso pelo erro cometido o encheu de remorso e quase o deixou mudo.

Por quarenta anos viveu na solidão do deserto. Então Deus resolve ir encontrá-lo e resgatá-lo para o plano que dantes havia traçado para sua vida.

Sabe, quando vemos pessoas bem sucedidas, com freqüência somos levados a presumir que elas sempre estiveram de bem com vida, nunca falharam e nunca foram rejeitadas. Porém, se a íntegra da história fosse conhecida, descobriríamos que houve quedas e fracassos antes da consolidação. Sabe por quê? Porque poucas pessoas conseguiram qualquer coisa que realmente valesse a pena na primeira tentativa.

Se você não encontrou alguém com quem valesse dividir o cobertor ou encontrou, mas perdeu a oportunidade de se unirem em casamento, não faça disso o seu eterno tormento. Ainda existem coisas que você pode e deve conquistar.

Cative amizades, sorria para a vida e seja uma pessoa agradável. Assim você nunca será um solitário. Lembre-se que viver sozinho não é sinônimo de infelicidade. Sozinho talvez, solitário jamais. É uma questão de estado de espírito. Você se torna aquilo que alimentar.



Fonte da postagem: JM NOTÍCIAS

Pr. Daniel Vieira 

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