03 novembro 2014

Novidade de Vida - Reflexo

 

"de modo que o povo também levava os doentes às ruas e os colocava em camas e macas, para que pelo menos a sombra de Pedro se projetasse sobre alguns, enquanto ele passava."(Atos 5:15-16)
Eu, pobre de mim, sempre pensava que a sombra de Pedro curava os enfermos por causa da unção da vida daquele apóstolo. Dias atrás eu ouvia um homem de Deus a quem muito respeito falando sobre isso e dei-me conta de que era uma visão míope das coisas. Vamos ao que aprendi, para edificação de todos nós.
Primeiro, sombra não cura. O poder de Deus é que cura e, para isso, Ele pode usar qualquer instrumento, seja óleo, medicamento, palavras de ordem, sombra, o que quiser. Segundo, sombra, a rigor, nem existe, é meramente uma luz interrompida ou encoberta - é aí que eu precisava chegar.
A luz que Pedro interrompeu com seu corpo formando uma sombra, não era o sol, mas era o brilho da Glória do Deus Todo Poderoso a quem ele servia naqueles dias de forma tão intensa, marcante, contundente, relevante, transformadora. Se fosse o sol, nada feito. Se fosse o brilho de Pedro, nada feito. Era com certeza o brilho da Glória do Pai.
Agora meu querido e minha querida, medite comigo no ponto que coloca este que vos escreve em crise: por que isso não volta a acontecer em nossos dias se Deus continua sendo o mesmo? Terá se desvanecido a Sua glória? Ou não há mais enfermos para serem curados? Ou de fato vivemos outro tempo com outras manifestações? Sei lá, mas tem algo na minha cabeça que não para de martelar. Seja qual for a resposta, Deus é o mesmo e eu não sou Pedro. Fato: o brilho da Glória do Altíssimo deveria ser o mesmo, com ou sem sombra promovendo curas.
Parece que em nossos dias inventou-se uma intimidade com Deus de um tipo transitório, efêmero, volátil. Num momento parece que a pessoa tocou nas vestes do Senhor e uma hora depois está brigando com a esposa. Não sou contra ficar doidão, chorar, rolar no chão, pirar, viajar - chame como quiser, sou adepto desde que seja entre eu e Deus, sem tropas de seguidores e sem "micos de auditório". Mas isso tem que durar. Quando eu entro num estado tão profundo de conexão e intimidade, geralmente sofro um apagão que nem lembro o que fiz, e passo pelo menos alguns dias no mesmo mover. Não consigo entender esse mesmo Pedro cuja sombra era instrumento de cura, alguns minutos depois brigando com o frentista porque pingou gasolina na lata do seu carro...
Se queremos empunhar a Bíblia como nosso escudo, alegando ser ela nosso código de fé e prática, não podemos nos afastar do brilho que provoca a sombra que provoca a cura. Ainda que ninguém seja curado dessa forma, devemos ter anseio pelo brilho. Ainda que nada de fantástico aconteça deveríamos continuar ansiosos pela Presença Dele.
Vida renovada, novidade de vida é, acima de tudo, uma vida de intimidade crescente com o Pai. Creio que o maior desserviço prestado ao Corpo de Cristo na Terra ao longo dos séculos foi a religiosidade, que no meu conceito consiste em colocar procedimentos no lugar de princípios, modos no lugar de essências, moldes em vez de resultados e, principalmente, conceitos no lugar de intimidade. Levantemo-nos e busquemos ao Senhor.
"Senhor, não quero ser religioso, nem carnal, nem distante de Ti. Tua Palavra diz para me aproximar de Ti e quero isso. Ajuda-me a aprender Contigo como buscar Tua Intimidade."
Mário Fernandez
  

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