27 junho 2014

O Dízimo no Novo Testamento

O Dízimo no Novo Testamento
Quando chegamos ao Novo Testamento e à experiência da Igreja primitiva, devemos considerar alguns pontos importantes. Primeiro, o surgimento da Igreja não anunciou alguma mudança radical nas práticas da nação de Israel. Isto é corroborado pelo fato que só depois de muitas décadas, após a fundação da Igreja do Novo Testamento, é que o livro de Hebreus registra um esclarecimento do impacto que a nova administração espiritual de Cristo teve na Igreja e no sacerdócio existente. Mesmo aqui, neste esclarecimento, é evidente que a maioria das leis relativas a Israel não foram anuladas, mas às vezes sua aplicação se tornara diferente.
Durante décadas, a Igreja foi considerada pelos gentios como meramente outra seita dos judeus, mas uma que acreditava na divindade de Jesus Cristo. A Igreja é o equivalente espiritual da Israel física e é até chamada de "o Israel de Deus” (Gálatas 6:16). Devido à falta de obediência da Israel física, a oportunidade de salvação daquela época foi estendida para além desse povo e oferecida a outros—para aqueles que seriam chamados à Igreja dentre todas as nações (Mateus 21:43, 1 Pedro 2:9-10). Essa nova nação espiritual daria a Deus a obediência desejada, através de um coração convertido.
Nenhuma ruptura drástica na aplicação dos princípios e leis do Antigo Testamento surgiu quando a Igreja começou. De fato, o Novo Testamento ainda não tinha sido escrito, e já se reconhecia que a Igreja tinha sido edificada "sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Efésios 2:20).
Os ensinamentos e exemplos específicos do Antigo Testamento, como nos é dito, foram escritos para o benefício da Igreja do Novo Testamento (Romanos 15:4, 1 Coríntios 10:11)—de modo que devemos prestar muita atenção neles. Numa profecia acerca do periodo da segunda vinda de Cristo, somos advertidos: "Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo” (Malaquias 4:4). Pois, foi o próprio Deus que deu a Sua lei a Israel através de Moisés. Essa lei e a aplicação adequada de seus princípios têm de continuar relevantes para os membros da Igreja de Deus.
A Instrução de Jesus Cristo e dos apóstolos
O próprio Jesus confirmou claramente a prática do dízimo. Ao repreender severamente os líderes religiosos hipócritas, Ele disse: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas” (Mateus 23:23). Conforme registrado aqui, apenas alguns dias antes de sua morte Cristo confirmou explicitamente que o dízimo, sem dúvida, deveria ser praticado, juntamente com a lealdade sincera aos "mais importantes” assuntos espirituais, que os escribas e fariseus estavam, obviamente, negligenciando.
Os israelitas apoiaram a tribo de Levi para realizar o serviço no templo, dando dízimos de Deus aos levitas. Esse apoio proporcionou os meios para Israel adorar a Deus e ser ensinada de acordo com a Sua vontade. Como, em todos os efeitos práticos, a mensagem de salvação de Deus já não era pregada pelo sacerdócio levítico, agora essa responsabilidade era da Igreja do Novo Testamento. Os seguidores da mensagem do evangelho deram uma ajuda monetária e outras a Jesus, aos seus discípulos e, posteriormente, a outros trabalhadores da Igreja para apoiá-los para a realização da obra que Cristo deu à Sua Igreja. Os exemplos de tal apoio, e seus princípios relacionados, encontram-se em passagens do Novo Testamento como Lucas 8:3, 10:7-8, 2 Coríntios 11:7-9 e Filipenses 4:14-18.
O livro de Hebreus descreve uma mudança na administração da Igreja do Novo Testamento—o templo espiritual de Deus (1 Coríntios 3:16, Efésios 2:19-22)—substituindo o templo físico em sua importância. Agora, o dinheiro era entregue aos apóstolos do Novo Testamento (ver Atos 4:35-37).
 O  dízimo foi abolido no livro de Hebreus?
Hebreus 7 primeiro relata como Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote de Deus. Novamente, este era Jesus Cristo pré-encarnado—como pode ser visto a partir de Sua descrição e de Seus títulos nessa passagem. Depois, com a criação de Israel como Seu povo, Deus estabeleceu um sacerdócio diferente, e os dízimos foram entregues aos descendentes de Levi, que serviram nesse novo sacerdócio (versículo 5). Com a mudança de administração, também foi mudado os destinatários dos dízimos. O livro de Hebreus demonstra como as práticas e os princípios relativos ao templo físico, sacrifícios e sacerdócio, agora, se aplicavam ao novo Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (versículos 22-28).
Essa parte das Escrituras nem de longe afirma que o dízimo foi abolido, na verdade a sua dinâmica está voltada principalmente para apoiar o regresso de um sacerdócio "segundo a ordem de Melquisedeque” (versículos 15-17). Em todos os sentidos, esse sacerdócio de Jesus Cristo é muito superior ao sacerdócio de Levi. Então, se fez necessária uma "mudança da lei” (versículo 12) relativa ao sacerdócio, porque a lei que Deus deu através de Moisés a Israel não incluiu nenhuma instrução a respeito de um Sumo Sacerdote vindo de Judá (versículos 13-14).
Essa mudança da lei tinha a ver com uma mudança na administração. Isso significava que a administração do dízimo iria mudar com essa troca de sacerdócio—do sacerdócio de Levi para o sacerdócio de Melquisedeque (Cristo). Assim, os membros da Igreja hoje em dia continuam dando o dízimo, embora o sacerdócio levítico tenha acabado, tal como Abraão deu o dízimo a Melquisedeque antes do sacerdócio de Levi ser estabelecido.
Paulo baseou-se numa analogia para demonstrar que, como aqueles que ministravam no templo foram apoiados pelas ofertas dadas no templo, aqueles que ministravam na Igreja devem receber o apoio da Igreja. "Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”, ele escreveu (1 Coríntios 9:13-14).
Uma Questão de Fé
Quando você dá o dízimo você está alinhando suas atitudes e ações com os princípios universais originados em Deus, o Grande Doador (Mateus 10:8; 19:21; 20:28, Lucas 6:38, 12:32; Atos 20:35 ). O dízimo reflete a mesma natureza altruísta de nosso Criador e Provedor. Ele quer compartilhar sua própria atitude mental de dar alegremente e de boa vontade (2 Coríntios 9:6-8). Através dos dízimos e ofertas, honramos a Deus, apoiando com meios materiais a pregação do evangelho. Jesus Cristo disse: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (Atos 20:35).
Por que o Dízimo no Mundo de Hoje?
Por isso, é importante observar que qualquer pessoa que der o dízimo deve fazer isso de boa vontade. Embora Deus compare a desobediência de dar o dízimo ao roubo (Malaquias 3:8-10), Ele não obriga ninguém a fazer isso. Tal como acontece com toda a obediência às leis de Deus, o ato de darmos o dízimo ou não dependerá sempre de nossa própria decisão. A Igreja de hoje não está sob a administração levítica de Israel. Debaixo dessa adminstração o dízimo era relacionado com uma nação física.
Hoje a Igreja é um organismo espiritual, uma comunidade sem fronteiras de crentes espalhados por muitas nações. Agora, como foi no caso de Abraão, nenhuma penalidade é legalmente imposta, se não pagar o dízimo. Em vez disso, a negligência em dar o dízimo incorre suas próprias penalidades. Primeiro, diminui-se o nosso potencial de serviço eficaz e de administração responsável perante os olhos de Deus (Lucas 16:10). Depois nós perdemos ambas as bênçãos físicas e espirituais que Deus promete a quem dar de boa vontade (Lucas 6:38). Além disso, podemos também trazer sobre nós uma maldição (Malaquias 3:8-10).
Tomar a decisão de dar o dízimo é uma questão de fé. Para a maioria de nós tão-somente as necessidades da vida consomem quase todo o nosso rendimento. Além da fé sobre o dízimo—e dessa maneira apoiando a obra de Deus de pregação do evangelho e sustento da Igreja—devemos lembrar que o dízimo é uma obrigação bíblica que nenhum daqueles que são chamados por Deus pode se dar ao luxo de negligenciar. Mas Deus certamente vai abençoar aqueles cuja fé é ativamente endossada pelas boas obras. Assim, eles vão ser participantes ativos no empreendimento mais importante da Terra, que está proclamando a boa nova do Reino de Deus para esse mundo caótico e cansado de guerra.
O dízimo é um princípio universal que não se restringe a uma aliança particular com Deus. O dízimo diz respeito a cada uma das administrações mais importantes que Deus estabelece, conforme Ele tem trabalhado com as pessoas ao longo dos séculos. O dízimo se aplica a todas as pessoas de hoje. Deus define os princípios de como devemos adorá-Lo e honrá-Lo com uma parcela do rendimento que Ele nos dá, sendo claramente parte da Sua adoração ordenada.
Aprofundando nosso relacionamento com Deus
Nossa fé no dízimo está fundamentada na compreensão de que Deus é dono de tudo, até de nós mesmos, e quer que O reconheçamos como nosso Criador e o grande Doador de todas as coisas boas.
Ao devolver a Deus um décimo de nosso rendimento, passamos a ter uma relação especial com o nosso Criador e Dono. Nós nos dedicamos a servi-Lo e a apoiar financeiramente a comissão de Cristo para pregar o evangelho e sustentar a Igreja. Em troca Deus promete nos abençoar.
O dízimo, então, é uma questão intimamente pessoal entre você e Deus—uma forma de demonstrar a profundidade de seu compromisso e relacionamento com Ele.
Deus planejou a prática do dízimo para que possamos aprender a dar de nossos bens para promover Seus interesses na Terra. Através do dízimo nós agradecemos a Deus de uma maneira pequena, mas tangível, pela abundância de bens que Ele nos permite usar em nosso benefício físico. Por fim, aprendemos a nos tornar, como Ele, um doador do que temos em benefício dos outros.

Então, vemos o dízimo como o oposto de um enfoque egoísta da vida. Deus está preparado para apoiar este enfoque generoso, por Sua vez, nos abençoando de várias maneiras. Ele convida a todos para considerar Sua promessa: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança” (Malaquias 3:10).

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