21 setembro 2013

Uma exegese no Salmo 1 - Estudo



Escrito por Pr. Napoleão de Castro



Os hebreus conheciam bem os cânticos contidos no livro de Salmos, no hebraico é "Tehilim" (louvores). Na versão dos setenta passaram a ser chamados “salmos”, por serem cantados ao som de um instrumento que os gregos


chamavam de “saltério”. Os salmos eram cânticos especiais para os dias ou ocasiões festivas, de vitórias, e muitos também deles tratam de situações adversas, como a “prosperidade dos ímpios”. O salmo primeiro enfoca uma bênção que é dada a um servo por seu comportamento adequado e seu amor a “torá" [Lei] do Senhor.


1. O bem-aventurado


No hebraico temos: Ashrey – que significa: bem-aventurado, feliz, ditoso. Aqui temos algo importante, este homem será bem-aventurado, se cumprir as seguintes três coisas que o salmista enumera.


2. Os três não


2.1- Não andar


O verbo usado aqui no hebraico é: halakh – que significa – “ir, caminhar, andar/passar. Este verbo, bem como os outros dois que o seguem estão no passado, logo a tradução ficaria: “Bem aventurado aquele que não andou...”


2.2 – Não deter-se


O verbo usado aqui é "amad": que significa parar, estacionar-se/deter-se/


O tempo conforme mostramos acima está no pretérito, levando para uma ação já concluída.


2.3 – Não assentar-se


Temos o verbo hebraico: Yashav = que significa “sentar-se, permanecer, habitar”


O tempo do verbo é o mesmo mencionado acima [pretérito]. A tradução ficaria assim: “Bem aventurado aquele que não assentou-se”


3. Os três perigos


3.1- O conselho dos ímpios


Aqui temos o vocábulo hebraico: ats’at, que significa “conselho”, parecer”


A palavra usada no hebraico para expressar ímpios é: reshaym, que vem do radical “rashe’a” – que dá a ideia de condenar-se, ser mal” portanto, podemos afirmar que o ímpio para o hebreu era aquele que se condenava em algo, mesmo sabendo que aquilo que ele fazia era errado.


O conselho dos ímpios fala da comunhão com o mundo, com as “trevas”, com aqueles que conscientemente caminham para a perdição.


3.2- O caminho dos pecadores


No hebraico temos o vocábulo: hatâ, que vem do verbo da mesma grafia que significa “pecar, errar”.


Quando o salmista refere-se ao “ caminho dos pecadores” cremos que ele tem em mente o caminho daqueles que estão em erro ou errados, ou seja estão em pecado. Eles estão desviados do alvo, que é o termo teológico para a definição de pecadop. Devemos tomar o cuidado para não parar ou estacionar neste caminho.


3.3- A roda dos escarnecedores


No original temos os seguintes vocábulos:


a) Moshav que significa “assento, vila”


b) Letsym que significa “ frívolos, “palhaços”, perversos.


No original dá a seguinte ideia: “estão escarnecendo, estão sendo frívolos”.


Frívolo quer dizer “sem importância, sem valor”. São estes que zombam do evangelho, da igreja, da Palavra de Deus.


4. Duas características do servo


4.1- O seu prazer


A palavra hebraica usada aqui é: heféts que significa “desejo anelo”.


O verso diz: “ O seu desejo está na lei do Senhor”.


O maior prazer que o judeu fiel tinha era estar junto de sua “Toráh”. Uma das primeiras coisas que uma criança judia aprendia a falar era o “sehma”: “Shemá Ysrael, Adonay Elocheinu, Adonay echad” (Dt 6.3). Os pais quando estavam ensinando a “toráh” para seus filhos, eles aprendiam, os pais davam mel para eles. Desse modo, eles associavam que a Palavra do Eterno era doce como o mel (Sl 119.103). Assim eles tinham prazer em aprenderem a lei do Senhor.


4.2- O meditar


O verbo hebraico aqui é: hagah que significa “ falar, expressar, meditar”


O texto diz: “....E na lei do Senhor medita dia e noite”. É notável percebermos o sentido amplo deste verbo que nos auxilia nesta exegese.


O salmista está afirmando que Deus prova e a bençoa o servo que medita(exame interior), fala, pensa, estuda a sua Palavra de dia e noite. A expressão dia e noite além de especificar um tempo, pode também caracterizar tipologicamente, luta e vitória. Todavia, só será abençoado o servo que meditar nas lutas quanto na vitória, na Palavra do Senhor.


5. Os dois exemplos


5.1 O exemplos do servo justo


I) Uma árvore


a) plantada – o verbo no original está no particípio e entendemos que o Eterno é quem a plantou.


b) Junto as correntes de água


A palavra hebraica para corrente é: peleg que também pode significar “facção, parte”.


Caro leitor [a], você já parou para pensar o que significa esta expressão: “plantado junto a ribeiros de águas”? Muitos pensam que o termo “águas” é uma alusão as Escrituras. Mas não é! Aqui se refere ao mundo[sistema], e esta árvore[homem, mulher] foi plantada numa facção[ à parte, separada] das águas [alusão ao mundo], ou seja, a Obra do Senhor[igreja] constitui-se uma facção, uma parte de homens e mulheres que tomaram outro rumo – seguir a Cristo! Estamos no mundo , mas não pertecemos a ele. Somos cidadãos de outro país!


c) Dá o seu fruto, na estação própria


O verbo hebraico é "natân" que significa “dar, colocar”


Aqui vemos um retrato “perfeito” do servo do Senhor. O homem dirigido pelo Espírito Santo não dá fruto fora de hora, mas no tempo determinado, na estação própria.


d) Cuja folha não cai.


O verbo usado aqui é “navel” que significa “murchar, fenecer, secar”. Além de ser uma árvore que só dá fruto na ocasião própria, o servo é também tipo de uma árvore cuja folha não murcha ou seca. Isto implica em dizer que está árvore não sente a mudança de tempo, uma vez que nesta época as árvores perdem as folhas e na Palestina, isto ocorria no início do inverno, sendo que a figueira ficava totalmente “nua de folhas”.


5.2 – O exemplo dos ímpios


I) A moinha


Esta palavra no hebraico é: mots que significa “palha cortada em pedaços, escória de cereais, pragana”.


Se o ímpio é como a moinha, deduzimos que o ímpio é um ser leve, sem consciência espiritual, vazio, verdadeiro dejeto humano largado as suas próprias sortes.


A moinha é: Fragmentos miúdos de palha que ficam depois da debulha dos cereais.


b) o vento que espalha


O verbo hebraico aqui é “nadaf” que significa “dispersar, espalhar”. O verbo está no futuro, indicando uma ação que ainda ocorrerá. A palavra vento no hebraico é a mesma usada para o Espírito : ruach, vento, sopro,m Espírito.


6. Os três futuros


6.1 – O futuro do justo – “E tudo quanto fizer prsperará”


O verbo hebraico usado aqui é “Tsalakh” que significa “prosperar, triunfar, atravessar”


6.2- O futuro do ímpio – “Não subsistirão no juízo”


No original traz o verbo kum, que significa: “levantar-se, rebelar-se, resistir”. O ímpio não poderá ao menos se levantar no dia do juízo.


6.3- O futuro do pecador – “Não subsistirão na congregação do justo”


A palavra para congregação no hebraico é "odat", e é oriunda do verbo que significar “adornar”.


O salmista está afirmando que os pecadores não comporão o adorno, joia dos justos[figura da salvação, promessas, dons etc]. Sendo assim, não serão reconhecidos pelo Senhor, e serão espalhados pelo horizonte aforaq.


7. Os dois caminhos


7.1 – O caminho do justo – “É conhecido pelo Senhor


7.2- O caminho do ímpio – “conduz a ruina”


O verbo usado no original é "avad", que equivale a “perder-se, errar, perecer, sumir”. Deste verbo deriva-se a palavra “Abadom”, destruição. Entendemos que o caminho do ímpio conduz a destruição. Enquanto que o caminho dos justos é conhecido pelo Senhor.


Este estudo foi feito baseado na Bíblia hebraica.


fonte http://www.infowebsolucoes.net/gracapaz/index.php?option=com_content&view=article&id=247:uma-exegese-no-salmo-1&catid=51:spotlight-news-1&Itemid=153


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