17 março 2012

O que me assombra?


O que me assombra?



O assunto da atualidade que faz qualquer evangélico polemizar é, sem dúvida, a lei da homofobia. Cada um tem o seu ponto de vista e faz dele a única verdade. Por esse tema, políticos sem ética são eleitos, bons políticos ficaram fora do parlamento, pastores se acovardam, outros falam do que não entendem, formam-se seguimentos GLS dentro do bojo evangélico, programas medíocres de TV ganham audiência, o governo revela sua face hipócrita, pois fala de defesa da família enquanto apóia e estimula leis que destroem os fundamentos da mesma.
           
Confesso não estar perturbado com o tema. Esta não é a primeira lei anti bíblica e não será a última, mas uma coisa é fato: o pecado não é algo que seja definido pelo “santo” Congresso Nacional. Penso que a intenção mais profunda é o desejo de interditar a Bíblia, pois ela incomoda nosso estilo iníquo de fazer política. Os políticos nos compram e nós nos vendemos. Talvez a frase que melhor define essa discussão está no perfil do Twitter chamado Leonardo Oliveira, que se identifica em inglês como Marido, pai e pastor. Ele "twittou"assim: "Vivemos uma era de homofobia e teofobia, uma época de grupos discutindo não a liberdade, mas quem terá o privilégio de exercer a tirania."
           
Enquanto igreja, o que me assombra não é a lei da homofobia, mas a nossa apostasia, pois temos mais temor pelas leis dos homens e quase nenhum pelas leis de Deus.  A apostasia corrói a igreja em sua base, pois nosso credo e nossa pregação nada tem a ver com nosso estilo de ser igreja, pastorear, liderar, aplicar os recursos financeiros, fazer sucessão pastoral, ordenar novos obreiros, criar convenções, abrir novas igrejas, de namorar, casar, negociar, enfim, fazemos em nosso gueto evangélico as mesmas práticas de nossa casa parlamentar, com a agravante que as fazemos sob o falso argumento da “direção de Deus”. Isto sim, me assombra e me tira o sono.
           
Zacarias, profeta da restauração, foi desafiado a fazer o papel de um pastor insensato e parece estar interpretando nossos dias, pois ali se descreve muito mais um predador, que um pastor: “... ele não vai se preocupar com as ovelhas que estiverem em perigo, não vai tratar das machucadas, nem vai cuidar das que estiverem cansadas. Pelo contrário, comerá a carne das gordas e não deixará nem mesmo os cascos” (10.16 NTLH)
           
Não tenho preocupação se nossa casa parlamentar vai nos proteger, aliás, é triste ver a igreja de Jesus Cristo, a instituição mais poderosa da terra, diante de quem “nem as portas do inferno prevalecem”, se curvando às negociatas, para sentir-se protegida, pois entendo que, quanto mais protegida pelo Estado, mais apóstata ela se torna. A história não me deixa mentir.

Walter da Mata