12 novembro 2010

Barrabas e Liberdade

BARRABáS E LIBERDADE
de Max Lucado

Aconteceu depressa demais. Num minuto Barrabás estava na cela da
morte, com os pés batendo na parede, e no seguinte foi solto;
piscando os olhos por causa do sol brilhante.
"Você está livre."
Barrabás coçou a barba. "O quê?"
"Você está livre. Eles ficaram com o Nazareno em seu lugar."
Barrabás tem sido muitas vezes comparado com a humanidade e isso é
certo. De muitas maneiras ele nos representa: um prisioneiro
libertado porque alguém que jamais vira tomou o seu lugar.
Penso porém que Barrabás era provavelmente mais esperto que nós em um
aspecto.
Quanto sabemos, ele aceitou sua repentina liberdade pelo que era, um
presente não merecido. Alguém lhe atirou um salva-vidas e ele
agarrou-o, sem perguntas. Não é possível imaginá-lo usando alguns de
nossos truques. Nós recebemos nosso presente gratuito e tentamos
ganhá-lo, diagnosticá-lo, ou pagar por ele, em vez de dizer
simplesmente "obrigado" e aceitá-lo.
Por mais irônico que pareça, uma das coisas mais difíceis é ser salvo
pela graça. Há alguma coisa em nós que reage negativamente ao dom
gracioso de Deus. Temos uma compulsão estranha que nos leva a criar
leis, sistemas, regulamentos, para nos tornar "dignos" de nosso dom.
Por que agimos assim? A única razão em que posso pensar é o orgulho.
Aceitar a graça significa aceitar a sua necessidade e a maioria das
pessoas não gosta disso. Aceitar a graça também significa que o
indivíduo compreende o seu desespero e quase ninguém aprecia isso
também.
Barrabás, porém, foi mais sabido. Perdido para sempre na cela da
morte, ele não recuou ao ver-se libertado. Ele talvez não
compreendesse a misericórdia e certamente não a merecia, mas não a
recusou. Devemos procurar entender que nossa dificuldade não é muito
diferente da de Barrabás. Nós também somos prisioneiros sem
possibilidade de apelação. Mas porque alguns preferem continuar
presos quando a porta da cela foi aberta é um mistério que vale a
pena ser estudado.

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